Postagens racistas feitas pelo acusado Fotos: Reprodução

A Comissão de Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil- Subseção de Santos- quer abertura de um processo disciplinar para a expulsão do aluno da UniSantos acusado de racismo. A Comissão já providenciou apoio psicológico para Carolina Souza de Almeida, de 19 anos, estudante do terceiro ano do curso de Direito da Universidade Católica de Santos, que denunciou um caso de racismo protagonizado pelo também estudante da universidade, do primeiro ano do mesmo curso, Rodrigo de Oliveira Morais.

Morais postou publicações preconceituosas, que viralizaram na internet. Estudantes estão pedindo a expulsão do aluno. Diante da repercussão, o acusado apagou seu perfil das redes sociais e declarou que foi “mal-interpretado”. A Comissão quer abertura de um processo disciplinar para a expulsão do aluno acusado.

Porém, os problemas de Morais não devem parar por aí. Já existe uma representação protocolada no Ministério Público e um Boletim de Ocorrência (BO) feito.

Uma das publicações que provocaram revolta nos estudantes faz referência ao assassinato de George Floyd por um policial, em Minneapolis, Estados Unidos. A imagem mostra Floyd, depois de morto, com o seguinte texto: “Morri e virei branco. Obrigado, ‘sinhor’”. O mesmo aluno compartilhou imagens alusivas ao nazismo, afirmando que “quem luta contra o racismo não precisa ser negro, e sim burro”. Além disso, ele postou outra imagem, colocando que o DNA dos negros é formado por correntes.

“Á Comissão já enviou para a diretoria da OAB um pedido para oficiar à UniSantos para saber se ela está acompanhando e se já abriu um processo administrativo e disciplinar para a expulsão do aluno. Já temos a cópia do BO também,”, disse Flávio Viana, integrante da Comissão de Igualdade Racial.

Postagens racistas publicadas na internet

Viana lembrou que a aluna que denunciou o racismo mora em Guarujá e a OAB Santos e Guarujá já providenciaram atendimento psicológico gratuito para vítima desse tipo de crime. “Isso faz parte da nossa rede de combate ao racismo. A OAB/Guarujá está acompanhando de perto. A Carolina vem recebendo uma série de ameaças fake e de pessoal estudam e pensam igual a ele querendo impedir que ela siga adiante. Ela foi a primeira que viu, apesar que todo mundo já printou e rodou na imprensa e ele não tem o que fazer”, disse.

A Comissão solicitou à diretoria da OAB o envio de ofício e cobrança de providências para os seguintes órgãos: Coordenadoria de Promoção da Igualdade Racial e Étnica da Prefeitura de Santos; Conselho Municipal de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra e de Promoção da Igualdade Racial de Santos; Universidade Católica de Santos; Câmara Temática de Direitos Humanos do CONDESB; Coordenadoria de Políticas para a População Negra e Indígena (CPPNI) do Governo do Estado de São Paulo; Conselho Estadual de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra de São Paulo; Núcleo de Discriminação Racial da Defensoria Pública do Estado de São Paulo e Ministério Público.

Revolta
Indignada, Carolina postou uma mensagem no Instagram: “Será que vidas negras importam mesmo? TODOS esses prints são de uma das redes sociais de um garoto da minha faculdade (postados como meme) e eu senti tudo!! Menos que as vidas negras REALMENTE importam… o nosso sofrimento até comove mas as pessoas continuam em silêncio! Isso fere a minha existência! Fere de verdade, o racismo dói. Não adianta NADA compartilhar que as vidas negras importam e permanecer em silêncio diante de coisas desse tipo! Se esse post chegar até o garoto que postou esses absurdos, saiba que você não mencionou ninguém nos seus posts mas feriu um mar de pessoas!”.

UniSantos
A Universidade Católica de Santos notificou o Ministério Público para averiguação e providências cabíveis. A partir dessa apuração, serão avaliadas as medidas institucionais aplicáveis.