Na madrugada do último sábado (3), um episódio trágico chocou a comunidade de São Vicente, no litoral de São Paulo, com a morte do catador de recicláveis José Marcos Nunes da Silva, de 45 anos, durante uma operação policial. Familiares alegam que José foi assassinado pelos policiais militares das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), enquanto os agentes afirmam que agiram em legítima defesa.
Segundo os parentes de José, ele foi morto dentro do barraco onde vivia, no bairro Jockey Club, e não tinha qualquer envolvimento com crimes, contradizendo a versão oficial apresentada pelos policiais. Vizinhos relataram ter ouvido José implorando pela vida, o que aumentou a indignação da família.
A versão dos policiais, entretanto, relata que deram voz de parada a José Marcos, mas ele teria fugido para dentro de seu próprio barraco. Alegam ter revidado a supostos disparos, e o boletim de ocorrência foi registrado como resistência, porte ilegal de arma de fogo e posse de drogas sem autorização.
Uma familiar, que preferiu não se identificar, relatou ao g1 que testemunhas ouviram três disparos por volta de 2h30. José teria gritado pedindo pela sua vida e mencionado o amor por suas filhas, sendo que um último disparo foi ouvido antes do silêncio.
O boletim de ocorrência aponta que os PMs encontraram uma mochila com substâncias parecidas com drogas e um caderno com anotações do tráfico no local. Os familiares contestam essa versão, afirmando que o registro é mentiroso e que José Marcos não estava envolvido em atividades criminosas.
A fonte ouvida pela equipe de reportagem afirmou que os policiais intimidaram outros moradores da comunidade. O corpo teria permanecido dentro do barraco por cerca de uma hora antes de ser levado para o Pronto-Socorro de São Vicente, onde foi reconhecido pelos familiares.
Vítima chegou morta ao PS
A prefeitura de São Vicente informou que o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado para atender a ocorrência, na Avenida Sambaiatuba, na madrugada de sábado (3). José Marcos foi encontrado com ferimentos de arma de fogo pelo corpo, mas já chegou morto ao Pronto-Socorro Central.
Até o momento, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) não se pronunciou sobre o caso. Este episódio se junta a outros seis registros de mortes em confrontos com a polícia durante operações na Baixada Santista, sendo que cinco pessoas foram presas. A comunidade aguarda por uma investigação completa e transparente para esclarecer as circunstâncias da morte de José Marcos Nunes da Silva.