Erickson David Silva e o soldado Patrick Bastos Reis - Fotos: Reprodução

O laudo pericial sobre a morte do soldado Patrick Bastos Reis, de 30 anos, da Ronda Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), no Guarujá, concluiu que o tiro que provocou o óbito não foi efetuado pela pistola 9mm apreendida pela Polícia Civil.

Além de matar o soldado da Rota, os tiros atribuídos a Erickson David da Silva, o Deivnho, de 28 anos, feriram o sargento Guilherme Sutério Gomes. Os fatos aconteceram no dia 27 de julho, enquanto os militares faziam patrulhamento preventivo na favela da Vila Zilda, no Guarujá.

O documento assinado pela perita Selma Hanada Sugawara diz que a pistola 9mm estava em péssimo estado de conservação, mas se encontrava apta à realização de disparos. A arma foi achada num beco da comunidade Vila Júlia, após denúncia anônima.

A perícia realizou exame de confronto balístico para saber se o tiro que matou Reis partiu da arma analisada. Foram comparados 14 projéteis da pistola 9mm com outro do mesmo calibre extraído do corpo do soldado da Rota.

A conclusão da perícia é que nenhuma das balas examinadas foi disparada da pistola 9mm da marca Taurus, com número de série suprimido. O laudo atesta que as marcas e os picotes dos estojos não foram produzidos pela arma apreendida por policiais civis na favela.

“Verificou-se discordâncias entre os projéteis, nos elementos de ordem genérica (profundidade, largura e distância entre as impressões de raias) e, sobretudo, nos elementos de natureza específica (estriamentos finos). Face ao exposto, pode-se concluir que os projéteis não foram disparados pelo cano da pistola”, diz o laudo.

Sem pólvora nas mãos

Preso na peniteciária 2 de Presidente Venceslau (SP), Deivinho foi submetido a um exame residuográfico para detectar se nas mãos dele tinham sinais de pólvora. O resultado também foi negativo. Ele diz ser inocente e nega ter participado da morte do PM.

O irmão dele, Kauã Jason da Silva, 19 anos, suspeito de envolvimento no assassinato, também está preso. O outro suspeito, também detido pela polícia, é Marco Antônio de Assis Silva, 25 anos, o Mazzaropi.

Em depoimento à Polícia Civil, Mazzaropi alegou que quem atirou no soldado Reis foi Deivinho. Em contrapartida, Deivinho disse que foi Mazzaropi o autor do disparo que matou o PM.

Presos, os irmãos também foram acusados de pertencer ao Primeiro Comando da Capital (PCC), mas refutaram a possibilidade, de acordo com informações da coluna de Josmar Jozino, no UOL.

28 mortes na Operação Escudo

Depois da morte do soldado Reis, ao menos 600 policiais foram deslocados à Baixada Santista para participar da Operação Escudo. As ações deixaram 28 pessoas sem vida.

Segundo o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), as mortes ocorreram em confrontos, o que foi desmentido por inúmeros moradores dos bairros do Guarujá, onde ocorreram as atividades policiais.