Bruno, filho da vítima - Foto: Reprodução de Vídeo

Bruno, filho de César Fine Torresi, 77, morto pelo empresário Tiago Gomes de Souza com uma “voadora” após uma confusão no trânsito em Santos, no sábado (8), contou em entrevista ao G1 como foi o telefonema do seu filho, neto da vítima, que presenciou o crime.

“Uma criança de 11 anos que visualizou tudo ali, o avô caído no chão. Ele me ligou desesperado”, descreveu Bruno.

Uma outra testemunha que pediu para não ser identificada disse que o menino ficou em choque: “As pessoas perguntando o que aconteceu e ele meio que explicando e chorando meio em choque, deu uma dó”.

A testemunha contou, também, que viu Tiago Souza tentando fugir. “Foi quando um entregador de aplicativo notou e disse: ‘Onde você vai? Onde você vai?’ O entregador foi atrás dele e um morador de rua com cabo de vassoura também e evitou dele ir pro carro e fugir”, relatou.

“Mimava meu filho. O que a gente não podia comprar, porque era caro, ele ia lá e comprava pro menino. ‘Vai estragar o neto’, porque é assim que avô faz e o menino tá sem vô agora também, difícil”, disse ainda o filho da vítima.

Que é o agressor

Tiago Gomes de Souza foi indiciado pela Polícia Civil pelo crime de homicídio. O crime ocorreu pouco antes das 17h do último sábado (8). Torresi recebeu uma “voadora” no peito desferida por Tiago Gomes de Souza, de 39 anos, que é empresário e professor universitário. O motivo: o homem de idade, que estava acompanhado de mãos dadas com o neto de 11 anos, atravessou uma rua de um movimentado bairro, nas proximidades do maior shopping da cidade, fora da faixa de pedestres. O idoso não resistiu e morreu, após três paradas cardíacas.

Nesta última quinta-feira (13), o motorista foi levado pela polícia de volta ao local do crime, para a reconstituição. Ao chegar lá, diante de uma multidão enfurecida que berrava por justiça e o chamava de “assassino”, ele ajoelhou, pediu perdão e afirmou que se descontrolou e teve “um ataque de fúria”.

A reconstituição do crime

A reconstituição do crime brutal que chocou o país contou com a presença de, além do próprio suspeito, seu advogado Eugênio Malavasi, um promotor do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) e autoridades policiais. Bruno César Fine Torresi, filho da vítima, também participou.

Três versões foram reproduzidas durante a reconstrução: a do autor do crime, do neto da vítima e de uma testemunha – um médico que auxiliou nos primeiros socorros de Cesar e viu apenas parte do ocorrido.

Segundo a delegada Liliane Lopes Doretto, do 3° Distrito Policial da cidade, “ele [Tiago] nem estacionou o carro. Simplesmente desceu, deixou a chave ali e foi atrás do senhor. Ele diz que houve uma discussão. O neto diz que não.”

Liliane contou também que Tiago afirmou sofrer de transtornos psicológicos e que, embora faça tratamento com medicamentos, sofreu um ‘ataque de fúria’ na data dos fatos. Ainda, segundo ela, não foram encontradas ainda imagens que tenham registrado o crime. Ela também pediu a colaboração de outras pessoas que estavam no local para auxiliar nas investigações.

“Houve um idoso que até tirou a chave do carro [do Tiago], segundo fontes informais, para ele não fugir na ocasião. Essas pessoas não se solidarizaram em ir à delegacia para prestar depoimento e isso é muito importante para que a gente tenha a busca real dos fatos”, disse Liliane.