Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Inúmeros testes realizados com uma droga, ainda em fase experimental, mostraram que a terapia foi capaz de retardar o declínio cognitivo e funcional de pessoas em estágio inicial de Alzheimer. O laboratório que conduz os estudos vai buscar a aprovação da Food and Drug Administration dos EUA (FDA).

Trata-se do mesmo medicamento da farmacêutica estadunidense Eli Lilly, que foi rejeitado pelo órgão regulador no início de 2023. Porém, a empresa espera, com base em novos dados encorajadores obtidos em estudos recentes, conseguir aprovação para seu uso já este ano, informou The Wall Street Journal.

O Alzheimer é um distúrbio degenerativo, se caracterizando por alterações no cérebro que levam a depósitos de certas proteínas. A doença faz com que os neurônios morram gradualmente. A indústria farmacêutica trabalha há anos para  obter uma droga que retarde essa deterioração cerebral que tira a memória, entre outras habilidades. Contudo, a maioria das tentativas não deu certo.

AInda conforme The Wall Street Journal, o tratamento, chamado donanemab, é uma aplicação intravenosa que tem como alvo a amiloide, substância que forma placas no cérebro e é a principal suspeita de provocar o agravamento do Alzheimer.

Embora os pesquisadores tenham projetado o donanemab para eliminar o amiloide, a terapia não cura o Alzheimer ou evita completamente que a doença piore, mas retarda sua progressão.

A Eli Lilly não divulgou os dados de seus estudos de Fase III em revistas científicas, mas apenas por meio de um comunicado à imprensa.

O laboratório anunciou que o estudo foi feito em mais de 1.730 pacientes e conseguiu retardar a deterioração em 35% deles, em comparação com voluntários que receberam placebo, durante um período de 18 meses.

As análises foram realizadas em diversas medidas de memória e atividades diárias dos pacientes, como dirigir e administrar as finanças. Do total, 47% das pessoas que receberam donanemab não apresentaram declínio nas habilidades medidas em 12 meses.

“Estes são níveis de eficácia que simplesmente não foram vistos antes na doença de Alzheimer, estabelecendo uma nova referência para o que é possível nesta doença”, declarou Daniel Skovronsky, diretor científico e médico do laboratório.

Cerca de 52% das pessoas que tomaram donanemab concluíram o tratamento em um ano e 72% conseguiram parar de tomá-lo em 18 meses, como resultado da eliminação da placa amiloide no cérebro, de acordo com dados divulgados pela Lilly.

Apesar do êxito, droga apresenta efeitos adversos

Em contrapartida, a droga apresentou alguns efeitos adversos. De acordo com o próprio laboratório, 24% dos pacientes que tomaram donanemab apresentaram anormalidades, como inchaço e sangramento no cérebro.

Apenas 1,6% das anormalidades foram classificadas como graves, incluindo duas pessoas que morreram por causa delas e uma terceira que morreu após outra anormalidade, acrescentou a empresa farmacêutica.