Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O “Novembro Vermelho” é dedicado à conscientização sobre o câncer de boca, doença grave que ocupa o quinto lugar entre os tipos de câncer mais comuns em homens no Brasil, além de também ser preocupante entre as mulheres.

Segundo estatística do Instituto Nacional do Câncer (Inca), são diagnosticados cerca de 15 mil novos casos da doença anualmente no país, com uma alta taxa de mortalidade, já que muitos pacientes só buscam ajuda médica quando o problema atingiu estágio avançado.

A campanha “Novembro Vermelho” busca sensibilizar a população para os fatores de risco e a importância do diagnóstico precoce, que é crucial para o sucesso do tratamento e para a qualidade de vida dos pacientes.

O câncer de boca se manifesta, principalmente, nos lábios, gengivas, língua, céu da boca, soalho bucal e na região retromolar, localizada atrás dos dentes do siso.

A campanha este ano tem como objetivo reforçar o conhecimento sobre sintomas que, muitas vezes, são ignorados, como feridas na boca que não cicatrizam, áreas esbranquiçadas ou avermelhadas e dores persistentes. Quanto antes a doença for identificada e tratada, maiores são as chances de cura, com uma taxa de sucesso significativamente mais alta em estágios iniciais.

Sílvia Picado, média cirurgiã de cabeça e pescoço estatutária da Prefeitura de Santos e Diretora Social da Associação Paulista de Medicina-Santos, destaca a importância da campanha de conscientização para educar a população e reduzir a mortalidade.

“Infelizmente, a maioria dos casos de câncer de boca é diagnosticada tardiamente, o que diminui as opções de tratamento e piora o prognóstico. Por isso, alertar sobre os fatores de risco e os sintomas é essencial para a detecção precoce”, explica a especialista.

Fatores de risco

Entre os principais fatores de risco estão o tabagismo e o consumo de álcool, cuja combinação potencializa ainda mais o risco de desenvolver câncer de boca.

“O tabagismo aumenta em até 15 vezes a chance de aparecimento do câncer, e quando combinado ao álcool, o risco se torna ainda maior. É fundamental que as pessoas entendam que esses hábitos são extremamente prejudiciais”, alerta a médica.

Além disso, fatores como dieta pobre em frutas e vegetais, má higiene bucal e exposição excessiva ao sol sem proteção contribuem para o desenvolvimento da doença.

Sílvia ressalta, ainda, a importância de se prestar atenção aos sinais iniciais, que, muitas vezes, são negligenciados por parecerem inofensivos.

“As pessoas devem procurar um médico caso notem qualquer ferida na boca, que não cicatrize em até 15 dias, ou alterações na voz, dificuldades para mastigar, nódulos na região do pescoço, entre outros sintomas”, reforça.

Ela acrescenta que o mau hálito persistente e a perda de peso sem motivo aparente também podem ser sinais de alerta.

A médica Sílvia Picado – Foto: Divulgação

Relevância da prevenção

A prevenção é um dos aspectos fundamentais para a redução da incidência de câncer de boca. De acordo com a médica, além de todos os fatores já mencionados, usar preservativos durante o sexo oral pode fazer uma diferença significativa na redução do risco da doença.

A especialista ainda recomenda o uso de protetores labiais com filtro solar, especialmente para quem tem exposição frequente ao sol.

A higiene oral adequada, com escovação e uso de fio dental diariamente, além de consultas periódicas ao dentista, são medidas fundamentais para detectar qualquer alteração na cavidade bucal.

A visita ao dentista deve ser vista como uma medida de prevenção contra o câncer de boca. Muitas vezes, o dentista pode identificar lesões iniciais e orientar o paciente a buscar uma avaliação mais detalhada com um especialista”, explica Sílvia.