Osil Vicente Guedes - Foto: Reprodução/Redes Sociais

Por Henrique Rodrigues

As imagens de um homem sendo linchado por algumas pessoas no meio da rua, no Guarujá, após um suposto grito de “pega ladrão”, chocaram o Brasil. Até então, a primeira versão era de que um humilde catador de sucata de 49 anos, identificado como Osil Vicente Guedes, teria sido confundido com um criminoso que estaria furtando uma moto, embora depois tenha ficado claro que o veículo usado por ele fora emprestado por um amigo.

Num segundo momento, a história tomou outro rumo a partir da investigação da Polícia Civil, que descobriu que na verdade Osil estaria tendo problemas com uma ex-namorada. Ele teria sido surrado por homens, a mando dela, no dia anterior ao linchamento. O fato foi comprovado por um áudio enviado por ele a familiares. No dia da cena dantesca, dizem os investigadores, o tal sucateiro teria ido à casa da antiga companheira para agredi-la, mas os três acusados de matá-lo já estariam à espreita aguardando Osil.

Agora, o fim dessa história tornou-se ainda mais surpreendente e inacreditável. Depois de o caso ganhar repercussão nacional e gerar indignação, já que de fato as cenas bárbaras são indignantes e de uma selvageria inaceitável, as autoridades descobriram quem era, definitivamente, a vítima que perdeu a vida dias após o espancamento, com morte encefálica.

Osil Vicente Guedes era um ex-PM de Pernambuco, expulso da corporação em 2008, por integrar um grupo de extermínio considerado pelas autoridades o maior em atividade no país. A Operação Guararapes, levada a cabo pelo Ministério Público de Pernambuco, foi uma mega força-tarefa que envolveu o trabalho de 57 delegados, 291 agentes, 42 escrivães, 33 PMs e 148 viaturas, divididos em 136 equipes, que realizou 53 prisões de homens, a maior parte deles PMs, considerados matadores de aluguel. A quadrilha aterrorizava a Região Metropolitana do Recife e operava a partir do município de Jaboatão dos Guararapes, cobrando R$ 600 para executar alguém.

Advogdo confirma que Osil foi PM

O diário carioca O Globo conseguiu localizar o advogado de Osil à época das acusações, Augusto Cesar Lima Ferreira dos Santos, que confirmou a identidade da vítima de linchamento. Ele disse que era também amigo pessoal de Osil e disse que o ex-PM seria inocente em relação à acusação de integrar o grupo de extermínio.

Cláudio Guedes, irmão de Osil, também confirmou à reportagem de O Globo que o irmão “foi PM há muito tempo”, mas logo depois disse que “não queria saber de mais nada”, não dando sequência à conversa. De acordo com ele, “a família sempre teve muitos militares”, embora tenha afirmado não saber da história específica do irmão e de sua saída do serviço de segurança pernambucano.