Covas coletivas em Manaus, Amazonas, na crise do coronavírus - Foto: Reprodução

Se você ouviu ao longo da pandemia que ia morrer o mesmo número de pessoas neste ano que nos outros, que a Covid-19 não ia aumentar a mortalidade no país e no mundo, os dados no final deste ano mostram o contrário.

As mortes ocorridas no Brasil ao longo deste ano devido à Covid-19 fizeram o total de óbitos no país superar em 24% o número projetado para o ano. O levantamento é do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).

Até o dia 15 de novembro, último período disponível para consulta nesta quinta-feira (31), eram esperados cerca de 848.888 óbitos no país. Ocorreram mais de 200 mil mortes além desta projeção — o chamado excesso de mortalidade. Os dados oficiais do Ministério da Saúde até aquela data davam conta de 165.798 vidas perdidas devido a complicações do novo coronavírus.

As regiões com maior participação nesse excesso de mortalidade são Sudeste, com 38%, e Nordeste, com 37%. A seguir, aparecem Norte (11%), Centro-Oeste (10%) e Sul (5%).

A estimativa de mortalidade é baseada na média de óbitos registrados entre 2015 e 2019. Desde março, a curva das mortes neste ano no país tem ficado acima do maior número registrado naqueles anos. Ela é representada pela linha vermelha do gráfico abaixo, que está no site do Conass.

Foto site do Conass

Segundo o conselho, o acompanhamento desse excesso de mortalidade é sugerido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para monitoramento das mortes com influência direta e indireta da pandemia.

“Mortes provocadas, por exemplo, pela sobrecarga nos serviços de saúde, pela interrupção de tratamento de doenças crônicas ou pela resistência de pacientes em buscar assistência à saúde, pelo medo de se infectar pelo novo coronavírus”, explicou o Conass em nota técnica, em referência à influência indireta da pandemia nesse total.