Iago Rodrigues Ervanovite e Kayo Amado - Foto: Reprodução Iago Ervanovite

Por Danilo Tavares*

Em São Vicente, a palavra “concurso” parece ter ganhado novos contornos sob a administração do prefeito Kayo Amado. Estamos assistindo a um espetáculo de coincidências (ou não) no Concurso Público nº 05/2023, com Iago Rodrigues Ervanovite, subsecretário de Gestão e, convenientemente, classificado na 17ª posição para o cargo de Analista de Procuradoria. Detalhe: ele não só estava sob a supervisão do concurso como também supervisiona aqueles que aplicam as provas. Que tal? É jogar com o juiz no próprio time.

E por falar em supervisão, parece que a prefeitura de São Vicente tem utilizado suas habilidades administrativas de maneiras bastante criativas para causar medo nos servidores municipais que não se alinham a coisas como esta tentativa de burla.

Um exemplo: depois de uma paralisação de greve do magistério, o prefeito Kayo Amado mostrou seu “afeto” especial pelo professor Antonio Bravini, ex-presidente do Conselho do Fundeb e ex-conselheiro do CME (Conselho Municipal de Educação), instaurando o quarto processo administrativo contra ele. “Agradecimentos” da administração por anos de serviço dedicado? Parece que sim.

Kayo Amado está ficando conhecido como o prefeito “campeão” de processos administrativos contra servidores públicos municipais. Típico de um privatista e capitalista que quer terceirizar ao máximo a prefeitura. Imagino que ele tenha aprendido isso na quarta aula do cursinho do Renova BR.

Voltando ao concurso, o Ministério Público Estadual teve que intervir, recomendando ao prefeito Kayo Amado e ao secretário da Secretaria de Gestão Yuri Câmara Batista que Iago Rodrigues Ervanovite não seja nomeado devido a evidentes conflitos de interesse. Oras, vamos ser sinceros: será que alguém realmente achou que isso passaria batido? A audácia é tão grande que quase se espera que o próximo concurso tenha um tapete vermelho para os “queridinhos” da administração.

E enquanto seguimos “admirando” essa trama de novela das sete, não podemos deixar de pensar: se essa foi a parte que vimos, imagina o que não deve estar escondido? Qual a validade dessa enxurrada de processos administrativos contra servidores, ao mesmo tempo que usam de seus cargos para tentar prevalecer seus interesses pessoais? Como diz o ditado popular, “onde há fumaça, há fogo”. E pelo visto, São Vicente parece estar bem “acesa” ultimamente. Resta aos cidadãos do município assistir a essa trama, torcendo para que o próximo capítulo traga menos suspeição e mais transparência.

Aqui está o link do documento do Ministério Público Estadual de São Paulo:

*Danilo Tavares é produtor cultural, documentarista, coordenou diversas oficinas de cinema digital, é gestor e desenvolve propostas de projetos para editais culturais e sociais. Atualmente é proprietário da Zopp Criativa Produções, empresa com selo Estratégias ODS, diretor de projetos do Clube do Choro de Santos, membro do Fórum de Economia Solidária da Baixada Santista e diretor da Casa Crescer e Brilhar (São Vicente). E-mail: [email protected].

**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião do Folha Santista.