A participação de Gustavo Maxta Barbosa, de 22 anos, na carreata que pedia a reabertura do comércio em Santos, no dia 27 de abril, e onde o rapaz, em vídeo divulgado nas redes sociais, ameaçou com uma réplica de um arma de fogo e um canivete e ofendeu pessoas que caminhavam pelo calçadão da praia ainda vai render muita dor de cabeça ao acusado. Além de responder na Justiça pela prática de contravenção penal de porte ilegal de arma branca e ser investigado por meio de inquérito policial sobre a eventual prática de crime de preconceito, ele pode ser expulso do quadro associativo do clube que ama: o Santos Futebol Clube.
De acordo com informações da Polícia Civil, Gustavo foi identificado por meio do vídeo. “O referido vídeo, que “viralizou” nas redes sociais, exibia o jovem proferindo palavras de ofensa e ameaça à frente política diversa da que defendia, ao mesmo tempo que exibia uma lâmina e uma arma, enquanto participava da carreata que representava o pedido de reabertura da praia e dos comércios na cidade. Suas palavras também demonstravam desrespeito às classes, em tese, menos favorecidas. Na mesma data em que foi veiculado o vídeo nas mídias sociais, a equipe policial, após ter tomado ciência do caso, realizou diligências, e sendo assim logrou êxito em identificar o indivíduo, que foi intimado para comparecer na data de ontem (27) na Delegacia, para prestar esclarecimentos”
Gustavo aparece no vídeo, gritando: “É, Bolsonaro, comunista safado”, e “comunistas têm que morrer, seus lixos”, dentro de seu carro com a arma sobre o banco. E em determinado momento, aparece também segurando um canivete. O jovem manda as pessoas comerem mortadela e diz que “três contos (R$ 3 mil), eu gasto com meu cachorro”. Chegando na Ponta Praia, ele diz ainda que o “Canal 7 é Bolsonaro, não gosta vai para o Canal 1, seus duros”.
Na delegacia, Gustavo Maxta Barbosa alegou que postou o vídeo em um grupo fechado (“Sou robô do Bolsonaro”) no aplicativo “Instagram”, e que um outro indivíduo, o qual já havia tido uma desavença, “printou” a tela e publicou em grupos de “Whatsapp”, ocasião em que o vídeo acabou sendo propagado. Afirmou que não sabia explicar o motivo pelo qual exibiu a arma e o canivete, confessando ter agido de forma impensada, e que estava arrependido.
O advogado Flávio Viana e outras três pessoas resolveram tomar um atitude diante dos atos de Gustavo Maxta Barbosa. “Eu tomei a iniciativa e fiz o ofício de reclamação extrajudicial e a denúncia na ouvidoria do Santos Futebol Clube. Fiz também na OAB/Santos, na Comissão de Igualdade Racial, na qual faço parte, nos órgãos de Igualdade racial da Prefeitura de Santos (Coordenadoria de Igualdade Racial e Conselho Municipal da Comunidade Negra”, disse. Viana lembrou que o conselho e coordenadoria fizeram uma nora de repúdio conjunta e publicaram no Diário Oficial de Santos, condenando os atos do rapaz “neonazista”.
A Ordem dos Advogados do Brasil-Subseção de Santos- deve lançar ainda esta semana uma nota de repúdio com teor ainda mais forte. “Formamos um grupo de advogados e vamos acompanhar os dois inquéritos policiais no 3ºDP (Ponta da Praia), porte de arma branca e propagação de idéias nazistas, ameaças e racismo”. Já no Santos FC, Viana disse que Gustavo já se defendeu, por escrito, ao lado de um advogado, no processo administrativo que corre contra ele do clube . “O Santos está na fase de organizar o processo e enviar para a 1ª reunião do Conselho Deliberativo onde será decidido se vão expulsar ou não o neonazista. Os ideais que ele propaga não são condizentes com a história e valores do Santos Futebol Clube. Tenho conversado com conselheiros e diretores pra que tudo isso seja agilizado”, declarou.
De acordo com Departamento Jurídico do clube, o associado foi intimado e apresentou defesa. Está sendo elaborado um parecer, juntando todos os documentos, que será oportunamente encaminhado para deliberação do Comitê de Gestão do clube.
Ao Diário do Litoral, o advogado de Gustavo Maxta Barbosa, Armando de Mattos Júnior, disse que tudo ainda está sendo apurado por intermédio de um inquérito policial e pelo Santos Futebol Clube. “Esses dois procedimentos correm sob total sigilo, portanto, não posso me manifestar”, afirmou.