A Baixada Santista é representada por apenas quatro deputados estaduais na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Desses, três votaram contra a previdência de professores e servidores estaduais, inclusive Kenny Mendes (Progressistas), que, apesar de ser professor, agiu contra os interesses da categoria.
Além de Kenny, Paulo Corrêa Jr. (DEM) e Tenente Coimbra (PSL) também optaram por ajudar na aprovação de uma medida que vai prejudicar os servidores estaduais. Da Baixada Santista, somente Caio França (PSB) escolheu ficar ao lado dos trabalhadores.
O Professor Kenny, como gosta de ser chamado, foi o deputado estadual mais votado da história de Santos, recebendo 117.567 votos nas eleições de 2018. Foi o quarto mais votado do seu partido.
No início de fevereiro, Kenny confirmou que será candidato a prefeito de Santos nas eleições de outubro deste ano. Durante o lançamento de sua pré-candidatura, o deputado reafirmou sua ligação com João Doria (PSDB): “O que eu quero é aproximar ainda mais o governador Doria da gestão municipal para que a gente possa seguir um projeto em grupo”, disse.
Mudanças
Depois de muita polêmica, discussão e atos de violência, a Alesp acabou aprovando, nesta terça-feira (3), a reforma da previdência do governador João Doria (PSDB), em segunda votação. No total, foram 59 votos a favor do projeto e 32 contra.
Entre as principais mudanças, que devem ser efetivadas, está o aumento do recolhimento de impostos dos servidores estaduais. O desconto passará para 14% na folha de pagamento. Atualmente o desconto é de 12%.
Além disso, a reforma da previdência paulista aumentará o tempo de contribuição das mulheres. Elas passarão a ter idade mínima para se aposentar de 62 anos. Os homens precisarão ter, no mínimo 65 anos.
Violência na Assembleia
Durante a sessão que aprovou a reforma, no dia 3, a tropa de choque da Polícia Militar foi a personagem principal. Sob o comando do governo Doria, os policiais promoveram uma forte repressão, usaram bombas de gás e balas de borracha para agredir servidores públicos.
Um dos mais agredidos foi José de Jesus Cherrin Fernandes, professor de 64 anos, que dá aulas de Física na Escola Estadual Isaltino de Mello, no bairro Campo Grande, Zona Sul da capital paulista.
O professor revelou que estava sentado no saguão da Alesp, sem nada nas mãos, quando começou a ser agredido pelos policiais com socos, chutes e golpes de cassetetes.
“Aos 64 anos não tenho mais agilidade para ficar em pé. Eu estava sentado no chão e eles vieram que nem uma tropa de cavalos para cima de mim. Me bateram, me chutaram com coturno, e me deram cassetadas. Escapei por milagre”, desabafou.