De férias no Guarujá, enquanto o Brasil volta a ultrapassar a barreira das mil mortes diárias pelo coronavírus, Jair Bolsonaro determinou a construção de uma barreira, aos moldes do antigo cercadinho no Palácio da Alvorada, em Praia Grande, para provocar aglomeração de apoiadores, na manhã desta quarta-feira (30).
No vídeo, Bolsonaro se solidariza com a família do cabo da Polícia Militar, Diogo Gomes de Melo, de 31 anos, que morreu afogado ao tentar salvar quatro crianças no mar de Itanhaém.
“Minha vida também foi marcada por vários salvamentos, então fico pensando no que passou pela cabeça desse garoto naquele momento”, disse Bolsonaro, lamentando o “ocorrido” e dizendo que deve ir ao sepultamento do PM na tarde desta quarta.
O presidente, no entanto, ignorou as mais de 192 mil famílias que perderam parentes para o coronavírus. Ele lamentou o “ano atípico” e o endividamento de mais de R$ 700 bilhões “para dar auxílio emergencial para quem perdeu tudo”.
Sem máscara, assim como a equipe de seguranças, Bolsonaro andou por toda a barreira cumprimentando e tirando fotos com apoiadores – a maioria sem a proteção individual – e abraçou idosos e crianças.
“O povo tá aqui na praia. Muitos vão falar que tem aglomeração, mas temos que enfrentar. Tomar conta dos mais idosos, dos que têm comorbidade e toca a vida”, disse.
Provocação
O ato foi uma clara provocação ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que determinou a volta à fase vermelha do plano de combate ao coronavírus em todo o estado entre os dias 25 e 27 de dezembro e 1 e 3 de janeiro – nesta quarta, o estado se encontra na fase amarela.
“Faço um apelo a alguns governadores, né? Que teimam em fechar tudo. Seis meses de lockdown e não deu certo. E essa política não pode continuar assim dessa forma”, afirmou, antes de ir em direção aos apoiadores.