Foto: Divulgação/Sindipetro

Tudo começou depois que o Aeroporto de Itanhaém foi privatizado. Dali saíam voos regulares levando petroleiros para as plataformas de Merluza e Mexilhão, na Bacia de Santos. O Consórcio Voa-SP não entrou em acordo com a estatal e serviço foi suspenso em abril de 2018. Uma viagem de perto de uma hora de duração transformou-se em quase um dia.A empresa não negou a informação.

A empresa petrolífera gastou quase R$ 14 milhões na estrutura para o embarque de seu trabalhadores. Com o fim dos voos, equipes de manutenção da estatal e terceirizados, cerca de 100 pessoas, perderam seus empregos. Saíam de Itanhaém para as plataformas entre 100 e 1 mil pessoas, funcionários e terceirizados. A economia que funcionava em volta praticamente sumiu. Bares, restaurantes e hotéis ficaram vazios.

O funcionário precisava chegar ao prédio da Petrobras, no Bairro Valongo, em Santos, e depois seguia de automóvel para o aeroporto de Congonhas, na Capital. Embarcava em um avião até o Aeroporto de Jacarepaguá, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. Ficava hospedado em hotel e, depois, de helicóptero chegavam às plataformas petrolíferas.

A partir do dia 1º de junho, o petroleiro terá mais algumas despesas. Quem mora na Baixada Santista terá, agora, que custear todo o trajeto até as plataformas, o era feito pela Petrobras.

Saída
O que estaria por trás disso? De acordo com Fábio Mello, diretor de Comunicação do Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista, o objetivo é retirar as operações da Petrobras em Santos, ou seja, acabar com todas as atividades que existem na sede do Valongo e transferir os trabalhadores para o Rio de Janeiro. “Vários serviços que eram feitos na sede em Santos já foram transferidos para o Rio de Janeiro, por exemplo, Recurso Humanos, exames laborais ou cursos. Nós calculamos que 600 trabalhadores terão que sair de Santos. Para cada um deles, temos dois terceirizados. A Cidade vai perder perto de 2 mil empregos”, disse.

Mello lembrou que vários profissionais já foram remanejados. Ele citou que a empresa está esvaziando o prédio e o objetivo é tirar as operações de São Paulo e levar para o Rio. ” Eles já fizeram isso no prédio da Avenida Paulista. No ano passado, gerenciamento de operações e geologia, entre outros profissionais já saíram daqui”.

O dirigente sindical lembrou que agora a movimentação está muito grande e que em uma “canetada” a empresa mudou a base dos trabalhadores do quadro operacional no Valongo para o Rio. ” Foram os trabalhadores de produção, manutenção e segurança das plataformas. São 900 que não virão mais para a Baixada. Agora, para fechar o prédio pouco custa. A Petrobras está abandonando o Estado de São Paulo”

Ele citou que os petroleiros devem continuar em seus empregos, mas os terceirizados vão perder seus trabalhos. “Tem a questão da economia. Foi criada um estrutura perto do prédio para atender perto de 2 mil pessoas vai ficar à míngua. A Petrobras que estava crescendo e trazendo desenvolvimento e renda em nível nacional com suas ampliações de negócios, ela hoje encolhe para gerando menos custos possível e maximizando lucro para acionista. Esse não é o papel da Petrobras, que desenvolvimento e geração de empregos e lucro também. O problema é que os políticos da região não se envolvem nessas questões”.

Petrobras
A Reportagem do Folha Santista questionou sobre o fim das operações no prédio em Santos e no Estado de São Paulo. despesas dos funcionários com os deslocamentos até as plataformas; transferência de operações para o Rio e número de funcionários no prédio de Santos. A assessoria de imprensa da Petrobras enviou a seguinte nota:

Alinhada às diretrizes de resiliência que vêm sendo adotadas pela Companhia, necessárias para o enfrentamento das atuais condições de mercado, a Petrobras realizará, a partir de 1º de junho, um ajuste administrativo na lotação dos empregados que trabalham nas plataformas da Unidade de Negócios da Bacia de Santos e que, desde abril de 2018, já embarcam no aeroporto de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. São empregados que trabalham embarcados nas plataformas e não atuam no prédio administrativo da Petrobras na cidade de Santos. Desse grupo, cerca de 80% não moram na Baixada Santista.Com o ajuste, a Petrobras não arcará mais com os custos de deslocamento até o aeroporto.