A tragédia no Rio Grande do Sul provocou, além de manifestações de tristeza e solidariedade ao povo gaúcho, reflexões sobre o que pode acontecer no futuro em relação às mudanças climáticas.
Causou susto e preocupação um relatório elaborado e divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em conjunto com a Human Climate Horizons (HCH).
O documento aponta que o nível do mar em Santos deve aumentar 55,84 centímetros até o final deste século.
Entretanto, um projeto que visa amenizar os efeitos perigosos das mudanças climáticas deve ser ampliado: trata-se da colocação das chamadas geobags, sacos com areia submersos.
“Conforme o nível do mar vai subindo, falando dos eventos extremos, não há uma inundação estática, mas dinâmica. O nível sobe um pouquinho; as ondas começam a incidir na praia, numa porção mais alta, arrancam a areia, a depositam na parte submersa, e a erosão é muito maior do que essa diferença de nível; isso, pela ação das ondas sobre o estoque de areia da praia. Esse impacto não é o de uma inundação. É aí que a obra entra: diminuindo a energia da onda, dificulta esse processo de retirada de areia”, explicou Tiago Zenkler Gireli, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em reportagem de Anderson Firmino para A Tribuna.
O profissional é um dos responsáveis pela colocação, em 2018, das 49 geobags no bairro Ponta da Praia.
As barreiras são submersas e contam com 275 metros de comprimento, em formato de L, e estão em frente à praia, a partir da altura da Rua Afonso Celso de Paula Lima. O objetivo é diminuir a força das ondas.
A estrutura fixada paralelamente à praia, com 245 metros de extensão, visa auxiliar no armazenamento de areia. Como resultado, especialistas observaram aumento de 8,9 cm de altura de areia no local onde foram instaladas as geobags.
Expectativa de ampliação
Gireli relatou que a expectativa é no sentido de ampliar o projeto das geobags, agora em parceria com a Autoridade Portuária de Santos (APS). Por meio de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), a empresa se comprometeu a expandir o projeto, com objetivo de propor soluções para recuperação das praias de Aparecida e Embaré.
“As geobags são um mecanismo com capacidade de adaptação. Se a maré subir 20 cm, consigo preencher e altear ele (elevar a altura) depois de anos instalado. Vai ter um limite, mas há essa flexibilidade de ser alteado para continuar a ser efetivo”, destacou.