A construção de um Pátio de Caminhões e um Condomínio Logístico em Cubatão está causando polêmica e manifestações contrárias por parte de movimentos sociais. O anúncio da iniciativa foi feito pela Autoridade Portuária de Santos (APS).
O empreendimento, projetado para resolver os gargalos logísticos do Porto de Santos e mitigar o impacto na cidade, está provocando reações devido à localização proposta ser uma área de preservação ambiental, próxima a zonas residenciais em Cubatão.
“A área destinada à construção do empreendimento é equivalente a 50 campos de futebol de área de preservação permanente (APP). Além da devastação, a obra vai causar muito congestionamento local. Por isso, a preocupação dos moradores locais e especialistas em sustentabilidade”, declarou Joelma Oliveira.
Ela é uma das organizadoras de uma reunião aberta à comunidade, que será realizada nesta quarta-feira (31), às 19 horas, na sede da Associação de Melhoramentos da Ilha Caraguatá. O objetivo do encontro é discutir o projeto e ouvir as preocupações dos cidadãos e especialistas.
Os organizadores do evento são as entidades dos bairros adjacentes aos empreendimentos e que, por isso, serão duramente impactados: Associação de Melhoramentos União da Ilha Caraguatá; Someca – Sociedade de Melhoramentos do Jardim Casqueiro, Vila Bandeirantes e Ponte Nova; Associação de Moradores, Esportes e Lazer do Bolsão 9; Associação Comunitária da Vila dos Pescadores; Sociedade de Melhoramento do Bolsão Sete; Conjunto Habitacional João Paulo II; Vila Harmonia e Associação dos Moradores do Residencial Rubens Lara.
Os movimentos sociais destacaram quais são os principais riscos associados ao projeto:
“Devastação Ambiental: A construção do Pátio de Caminhões e do Condomínio Logístico resultará na devastação de uma ampla área de preservação permanente, comprometendo a fauna e a flora locais, além de reduzir áreas verdes essenciais para o equilíbrio ecológico da região.
Ampliação dos Alagamentos: A área proposta está próxima aos bairros do entorno, especialmente a Ilha Caraguatá, que já enfrentam problemas de alagamento. A substituição da vegetação nativa por estruturas de concreto e asfalto pode agravar os problemas de drenagem e aumentar a frequência e a intensidade dos alagamentos, colocando em risco a segurança e o bem-estar dos moradores.
Impacto ao Meio Ambiente, à Pesca Artesanal e ao Turismo Náutico: A alteração do ecossistema local pode prejudicar a pesca artesanal, uma atividade econômica tradicional da região, e afetar negativamente o turismo náutico, que depende da preservação das áreas naturais e da qualidade das águas.
Trânsito, Congestionamento e Poluição: A construção e operação do empreendimento podem aumentar significativamente o tráfego de caminhões e outros veículos pesados na área, resultando em congestionamentos frequentes e aumento da poluição do ar e sonora, afetando a qualidade de vida dos moradores.
Favorecimento ao Tráfico de Drogas e à Prostituição: A localização do empreendimento em uma área residencial pode atrair atividades ilícitas, como o tráfico de drogas e a prostituição, aumentando a insegurança e os riscos sociais para a comunidade local.
Desvalorização dos Imóveis do Entorno: A presença de um grande complexo logístico e o aumento dos problemas ambientais e sociais podem levar à desvalorização dos imóveis na região, afetando economicamente os proprietários e moradores locais”.
Outras participações
O evento contará, ainda, com a participação de especialistas, como a analista ambiental, Ingrid Maria Furlan Öberg, do ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, e Jeffer Castelo Branco, representando a Frente Ambientalista da Baixada Santista.
Outras organizações, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), além da comunidade de Cubatão, também estão se mobilizando para questionar a viabilidade e a sustentabilidade do projeto.
“Precisamos de soluções que equilibrem o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental e a qualidade de vida dos moradores”, afirmou Leandro Araújo, um dos representante da associação de moradores locais.
A atividade é aberta a todos os interessados.