Localizada a 35 km do Litoral Sul de SP, o arquipélago é considerado um dos mais perigosos do mundo - Foto; João Marcos Rosa/ICMBio

Localizada a 35 km do litoral de São Paulo, entre as cidades de Itanhaém e Peruíbe, a Ilha da Queimada Grande, ou Ilha das Cobras, é considerada uma das localidades mais perigosos do mundo. Isso porque o arquipélago é conhecido mundialmente por suas lendas e pela grande quantidade de serpentes que habitam o local.

Alguns especialistas afirmam existir cerca de cinco serpentes por metro quadrado. Porém, estudos recentes, demonstram que há cerca de 2 mil serpentes na ilha, que é considerada no meio científico como o maior serpentário natural do mundo.

Em 2010, o site Listverse, especializado em listas diversas de melhores e piores sobre todos os assuntos, elegeu a ilha como o pior lugar do mundo para se visitar, à frente da zona contaminada de Chernobyl e dos vulcões de lama do Azerbaijão.

História

A denominação “Queimada Grande” tem origem no fato de, no passado, eventuais visitantes (sobretudo pescadores da região) atearem fogo na vegetação costeira para afugentar as serpentes e então poder desembarcar em terra firme.

A ilha não tem praias, pois é rodeada por rochedos e penhascos, logo não há água potável. Na verdade, somente a Marinha é autorizada a entrar no local — e não há nenhum humano vivendo no arquipélago.

Lendas

Infelizmente, ainda assim, o local é alvo de biopirataria (extração e apropriação ilegal de recursos naturais para fins comerciais). Os “piratas” pegam as cobras para vendê-las no mercado clandestino. Por esse motivo, a jararaca-ilhoa está sob risco de extinção. Essa espécie só existe na ilha, que também é cercada por mistérios.

O canal Discovery chegou a lançar um seriado sobre o local, em que especialistas desembarcaram na ilha em busca de um tesouro. A série, intitulada “Ilha das Cobras”, segue uma das lendas em torno do arquipélago, sobre o tesouro da Trindade. A lenda diz que o tesouro foi colocado por piratas, assim como as cobras, que servem para proteger todo o ouro e joias. Mas cientistas argumentam que os animais são resultado de um processo evolutivo de mais de 10 mil anos, e que, por falta de predadores, conseguiram dominar o território completamente.

Outra história, contada por moradores que vivem próximos ao local, fala sobre uma família que teria ido morar na Ilha das Cobras em 1920 para cuidar do farol. Depois de alguns meses, homens voltaram com suprimentos e encontraram a família morta sem explicação aparente. A lenda indica que até hoje é possível escutar a risada da filha do casal.

O maior serpentário do mundo

A ilha, cercada por lendas e histórias, é a segurança de muitas espécies ameaçadas de extinção, como a dormideira-da-Ilha-da-Queimada-Grande, além de algo em torno de 30 outras espécies de aves, das quais a mais abundante é a corruíra. Há ainda pelo menos três espécies de anfíbios endêmicos e três de lagartos, além de dois tipos de cobras-cegas e 70 espécies de aranhas, as quais foram todas catalogadas.

As histórias e seu alto grau de perigo ajudam a manter as pessoas longe da ilha, e as espécies em extinção salvas da ganância dos humanos.