Foto: Reprodução/YouTube

Um estudo realizado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), divulgado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), em colaboração com a Universidade Santa Cecília (Unisanta), trouxe resultados alarmantes.

Três medicamentos foram detectados no mar da Baixada Santista e são apontados como responsáveis por contaminar a água. São eles: ibuprofeno, paracetamol e diclofenaco, além de cocaína.

Os pesquisadores observaram a presença dos remédios em amostras de água coletadas na região, já em 2017, mas as concentrações são mais preocupantes agora.

A presença da cafeína também foi verificada, o que é um indicador tradicional de contaminação, porque, além de ser encontrada em bebidas, como café, chá e refrigerantes, está presente em inúmeros medicamentos.

“Essas descobertas foram muito surpreendentes”, avaliou o pesquisador da Unifesp, Camilo Seabra, em entrevista ao Diário do Litoral.

Além disso, de acordo com a pesquisa, os peixes da Baía de Santos estão sendo contaminados por cocaína. A droga está presente na água e em sedimentos e organismos marinhos em toda a região da Baixada Santista.

Conforme o estudo, a contaminação por cocaína tem origem há décadas. Porém, as concentrações da droga na região aumentaram significativamente nos últimos anos.

Uma das possíveis explicações para o fenômeno é a posição estratégica da Baixada Santista como rota de tráfico de drogas da América do Sul para a Europa.

A cocaína provoca efeitos toxicológicos graves em animais, como os encontrados em mexilhões-marrons, ostras de mangue e peixes, segundo as análises. Por isso, a droga passou a ser classificada como um contaminante emergente preocupante.

“É uma concentração enorme de cocaína se imaginarmos o consumo de cafeína”, comparou Seabra.

Mais poluentes

Outro contaminante emergente pesquisado é o material particulado atmosférico. Trata-se de um composto de origem metalúrgica, que pode aparecer em regiões costeiras e provocar efeitos tóxicos em organismos aquáticos.

“O ‘pó preto’ contém micro e nanopartículas metálicas, incluindo terras-raras, cujos efeitos ainda são desconhecidos. Invertebrados marinhos e peixes são impactados por essas partículas e os primeiros resultados que obtivemos por meio de um Projeto Temático apoiado pela Fapesp são preocupantes”, acrescentou Seabra.