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A Autoridade Portuária de Santos (APS) recebeu autorização do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) para desmontar o navio Professor W. Besnard do Porto de Santos. A embarcação é conhecida por ter feito centenas de viagens científicas, seis delas à Antártida.

O navio será removido da região onde será instalado futuramente o Parque Valongo, pois, segundo as autoridades, representa risco ambiental e não tem mais condições de navegabilidade.

A APS é autora da ação de retirada e o custo do serviço deve ser pago pela prefeitura de Ilhabela, proprietária do navio, de acordo com informações da CNN.

O nome da embarcação homenageia Wladimir Besnard, cientista russo-francês, que veio para o Brasil, por meio dos fundadores da Universidade de São Paulo (USP), para organizar e comandar o Instituto de Oceanografia em seus primeiros 14 anos. Foram mais de 150 viagens, ao longo de 40 anos.

Entregue ao Instituto em 1967, a embarcação participou de missões sem interrupções durante os primeiros 23 anos. Entre as expedições, a primeira brasileira até a Antártida, em 1982, com apoio do navio Barão de Teffé, da Marinha do Brasil.

Porém, os dias de glória do Professor W. Besnard acabaram em 2008. Desde então, ele está sem uso. Em novembro daquele ano, um incêndio atingiu um dos camarotes. Na época, o navio estava na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro.

Não houve vítimas, mas o incidente decretou o fim das atividades da embarcação. Alguns anos após, o navio foi doado para a prefeitura de Ilhabela.

Em 2016, a prefeitura de Ilhabela e a Universidade de São Paulo (USP) lançaram a proposta para promover o naufrágio controlado e transformar o Professor W. Besnard em um museu subaquático, sendo um arrecife artificial e ponto turístico de mergulho. Entretanto, a ideia foi abandonada pela gestão municipal seguinte.

A atual prefeitura de Ilhabela divulgou uma nota para criticar o abandono da proposta e disse que “se viu impossibilitada de prosseguir com o projeto original, concordando com a decisão judicial (da qual não pretende recorrer), e agora pleiteia algumas peças do navio para que sejam colocadas no Museu Náutico de Ilhabela, promovendo, assim, a cultura e como forma de homenagear esse importante patrimônio histórico”.

Laudo conclui que navio não tem condições de navegar

Conforme laudo do tecnólogo naval Ismaelso Zanetti Júnior, a Capitania dos Portos de São Paulo assegurou que o navio não tem condições de navegabilidade para que possa ser rebocado até Ilhabela, o que seria necessário para transformá-lo em um arrecife artificial.

“O afundamento de estrutura totalmente contaminada está fora de cogitação, agora, sim, sob pena de risco efetivo ao meio ambiente natural. A USP já removeu todo o material de interesse histórico da embarcação para seu próprio museu, sobrando praticamente apenas a carcaça”, apontou a decisão da Justiça.

A determinação legal ainda determinou que a prefeitura de Ilhabela tome medidas que “assegurem a flutuabilidade do navio, de forma a evitar adernamento [a inclinação do barco para um dos lados], bem como a retirada dos resíduos oleosos e cessação de todas as ligações clandestinas de luz no local, além de providenciar a retirada de eventuais moradores do local”.

A multa pelo descumprimento das determinações é de R$ 500 por dia.