Um levantamento feito pela Organização das Nações Unidas (ONU), em parceria com a Human Climate Horizons (HCH, Horizontes Climáticos Humanos, em tradução livre), aponta que, por volta de 2050, terrenos onde vivem 5% da população de Santos, ou seja, mais de 20 mil pessoas, poderão ser inundados devido ao aumento do nível do mar. O trabalho mostra, ainda, que outras cidades que pertencem a regiões litorâneas também serão afetadas pelas mudanças climáticas.
A perspectiva se baseia na manutenção das atuais emissões de gases de efeito estufa, classificadas como um cenário intermediário. No caso de Santos, significaria que, até 2039, o nível do mar subiria 11,61 centímetros em relação ao verificado entre 1995 e 2014. Já entre 2040 e 2059, o aumento seria de 24,64 cm; e entre 2080 e 2099, o nível do mar estaria 55,84 cm mais alto.
“Até 2050, as projeções mostram que centenas de cidades costeiras altamente povoadas estarão expostas a um maior risco de inundações, incluindo terras onde vivem cerca de 5% da população de cidades costeiras, como Santos, no Brasil, Cotonou, no Benim, e Calcutá, na Índia”, confirma comunicado da ONU, emitido de sua sede, em Nova Iorque, nos Estados Unidos. Até 2100, seriam 10% desses territórios.
A HCH considera que o futuro cenário de emissões mais provável é o atual. “A informação disponibilizada na plataforma não deve ser interpretada como uma previsão de impactos futuros num determinado local e momento. Em vez disso, a intenção é estimar a influência das alterações climáticas no bem-estar humano e a magnitude relativa dos impactos associados a diferentes cenários de tendências de emissões de gases com efeito estufa”, adverte.
Cuidar para não chegar ao ponto de não retorno
Nesse cenário, cogita-se a hipótese de que as emissões de gases se tornem muito altas, caso se adote “uma via de desenvolvimento alimentada por combustíveis fósseis”. Assim, em Santos, o nível do mar subiria 12,01 cm até 2039, 27,74 cm entre 2040 e 2059 e 72,85 cm até o final do século.
Se as emissões fossem consideradas baixas, em “um caminho centrado na sustentabilidade”, ainda assim haveria elevação do nível oceânico na cidade de Santos. Ela, porém, seria de 11,51 cm até 2039, de 22,84 cm entre 2040 e 2059 e de 45,99 cm até 2100, também conforme a HCH.
Temperaturas maiores
Além disso, a ONU divulgou projeções do quão elevada pode ser a temperatura média anual nos locais aferidos. Em Santos, a média histórica é de 21,6 graus. Caso as emissões de gases de efeito estufa se mantenham em um nível moderado, Santos terá temperatura média de 22,5 graus até 2039, de 22,9 graus entre 2040 e 2059 e de 23,3 graus até 2100.
Caso se emitam gases do tipo em volume elevado, as temperaturas médias ficariam em 22,7 graus até 2039, 23,2 graus entre 2040 e 2059 e chegariam a 25 graus no fim do século.
Perspectivas
A Human Climate Horizons é uma colaboração entre o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o Laboratório de Impacto Climático, uma organização sem fins lucrativos composta por universidades e um grupo de pesquisa dos Estados Unidos.
Os mapas produzidos pela HCH representam “a mediana do aumento relativo local do nível do mar, em relação ao nível de referência entre 1995 e 2014, em centímetros”.
Sem defesas costeiras
O comunicado da ONU destaca que, além de Santos e do Rio de Janeiro, “sem defesas costeiras, no pior cenário de aquecimento até o final do século, prevê-se que 5% ou mais das seguintes cidades fiquem permanentemente abaixo do nível do mar”:
Guayaquil (Equador);
Barranquilla (Colômbia);
Kingston (Jamaica);
Cotonou (Benin);
Calcutá (Índia);
Perth (Austrália);
Newcastle (Austrália);
Sydney (Austrália).