Por Ricardo Ribeiro, da Revista Fórum
Um vídeo divulgado nesta quarta-feira (2) mostra mais uma abordagem violente de policiais brancos em um homem negro nos Estados Unidos. Daniel Prude é amarrado nu, no meio da rua, em uma noite de neve, e asfixiado com um capuz de plástico. Ele foi hospitalizado e morreu sete dias depois.
O caso aconteceu em março, perto de Nova Iorque, mas a família teve acesso aos vídeos das câmeras da polícia apenas recentemente e decidiu divulgar. O equipamento de filmagem preso ao corpo dos agentes é norma no estado.
A divulgação chega em meio à escalada de tensão e protestos contra a brutalidade policial no país, que se intensificaram após o assassinato de George Floyd, em maio, por policiais brancos. Os atos ganharam novo impulso recentemente após policiais balearem sete vezes Jacob Blake pelas costas.
No caso de Prude, a polícia foi acionada pela família dele, que buscava ajuda por causa de supostos problemas mentais do homem. As imagens são fortes.
Os vídeos mostram Prude nu, cooperando com os policiais e atendendo às ordens de ficar no chão. Ele estava com as mãos atrás das costas, algemado. Nevava em Nova Iorque, e ele pediu que os agentes o deixassem ir. Ainda preso no chão, ele se contorcia e gritava, pedindo para ser solto. Mais adiante, já algemado, Prude gritou: “Me dá sua arma, vou precisar”.
Os policiais colocam uma espécie de capuz na cabeça dele, media que teria se tornado padrão naquele período, para evitar que a saliva do preso atinja os agentes, devido ao coronavírus. Prude começou a se debater mais e a implorar para ser libertado.
Um dos policiais segurou a cabeça do homem sobre o asfalto, apertando o capuz, enquanto outro se ajoelhou sobre as costas da vítima. Em alguns momentos do vídeo, é possível identificar policiais rindo enquanto Prude se debatia no chão. A ação durou cerca de dois minutos.
Sem ar, Prude parou de gritar. Somente quando começou a sair água da boca do detido é que os policiais demonstraram preocupação. No fim da ação, o homem foi levado de ambulância e paramédicos tentam reanimá-lo.
Um médico concluiu que a morte de Prude foi um homicídio causado por complicações de asfixia por ação física. O relatório apontou como fatores complicadores a situação de delírio em que Prude estava e a intoxicação por fenciclidina, droga analgésica que causa alucinações.