Júnior Moraes - Foto: Reprodução/TV Globo

O verdadeiro pesadelo para um santista de 34 anos terminou por volta de 7 horas da manhã desta quinta-feira (3). O jogador de futebol Aluísio Chaves Ribeiro Moraes Júnior, conhecido apenas como Júnior Moraes, naturalizado pela Ucrânia, chegou ao Brasil, depois de conseguir deixar o hotel onde estava abrigado em Kiev, capital do país atacado pela Rússia.

Por ser o único dos jogadores que possui passaporte ucraniano, após se naturalizar cidadão do país em 2019, Moraes corria sério risco de ser convocado para lutar na guerra pelo exército ucraniano.

O atacante atua pelo Shakhtar Donetsk e pela seleção ucraniana. No sábado (26), Moraes e outros jogadores conseguiram embarcar em um trem em Kiev até a cidade de Chernivtsi, no oeste ucraniano. De lá, pegaram um ônibus até a Moldávia.

Moraes conseguiu chegar a Paris e, de lá, pegar um avião para o Brasil. Ele desembarcou no Aeroporto Internacional de Guarulhos.

“É difícil falar. Eu não desejo a guerra para ninguém, só estou aliviado em estar com a minha família, abraçar eles, desde o começo foi única coisa que pensei”, afirmou, ainda no aeroporto.

“Era pressão psicológica muito grande, porque onde a gente estava era o foco. O exército russo estava chegando cada vez mais perto, a gente não achava solução para ir embora. A cada minuto era angustiante, difícil”, relembrou.

“Quando estava no limite eu me trancava no banheiro ou me escondia no quarto”, diz o jogador

“Nunca passei por uma guerra antes, entrar mesmo em confronto e ver as coisas que aconteceram lá. Eu não fui forte em nenhum momento, vários momentos em que eu estava no limite eu me trancava no banheiro ou me escondia no quarto. Orava, colocava um louvor, orava, pedia forças para Deus, porque eu ia não fazer isso na frente de ninguém”, relatou.

Moraes destacou, também, que falou muito pouco com a família, pois tentava achar soluções para deixar a Ucrânia. “Eu não conseguia, então, passar para eles que eu estava bem. Eu virava para uma parede, dava um sorriso, tirava uma foto e mandava com ‘tá tudo ok’”.

“Eu não nasci para entrar em zona de confronto de guerra, acho que nunca passou pela minha cabeça isso. Tinha uma tensão grande, mas como foquei nesse momento de tentar ajudar eles, até o meu caminho para a fronteira eu não sabia se eu ia sair ou não”, concluiu.

Com informações do G1