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Por Ricardo Ribeiro, da Revista Fórum

A pressão dos EUA contra a estrutura de internet 5G oferecida pela China vem funcionando em países como o Reino Unido, Japão, Austrália e Brasil. No entanto, o governo Donald Trump está perdendo terreno na África.

O funcionamento do 5G no continente africano ainda está distante de se tornar relevante, onde o uso de 3G superou o 2G apenas em 2019. No Brasil, 70% dos acessos de celular são feitos em 4G. Cada geração representa um avanço na tecnologia.

No entanto, pelo menos quatro países africanos já realizaram testes com a nova geração e dois já começaram a operar a tecnologia. As operadoras Rain e Vodacom oferecem o 5G comercialmente com tecnologia da chinesa Huawei, empresa que é o principal alvo da objeção estadunidense, em algumas cidades da África do Sul e no Lesoto.

Uganda, no Quênia e na Nigéria fizeram testes de utilização, todos com tecnologia da China, da Huawei e da estatal ZTE. Madagascar também fez testes, mas usou a tecnologia da sueca Ericsson.

Apesar de não pertencer ao governo chinês, a Huawei é vista pelo governo dos EUA como estatal. Fundada em 1987 por um ex-chefe militar, a empresa tem laços estreitos com o governo chinês. A Huawei domina o mercado de infraestrutura para celulares e lidera o fornecimento de 5G no mundo desde 2012, com soluções mais baratas do que a concorrência. As principais rivais são a Ericsson, a finlandesa Nokia e a sul-coreana Samsung.

Brasil

A narrativas do governo dos EUA é de que os sistemas chineses são uma ameaça à cibersegurança dos países por permitirem o vazamento de dados confidenciais para Pequim. Neste ano, o governo do Reino Unido voltou atrás após pressão estadunidense e excluiu a Huawei do fornecimento de infraestruturas essenciais do país. Japão e Austrália também já deram sinais que devem seguir o mesmo caminho.

No Brasil, as quatro grandes operadoras (Claro, Vivo, Oi e TIM) já fizeram testes de rede com a Huawei e suas concorrentes, mas o governo de Jair Bolsonaro adiou a decisão para 2021 e o presidente é conhecido por sua subserviência aos EUA.

O 4G permitiu o aparecimento de empresas em torno de um ecossistema de aplicativos, serviços, o avanço das redes sociais. O 5G é a base da chamada internet das coisas e promete um salto tecnológico sem precedentes em velocidades e conexão, o que torna a decisão sobre o fornecimento de tecnologia extremamente importante.