Flávio Arcangeletti ficou ferido após as agressões - Fotos: Arquivo Pessoal/Reprodução

O instrutor de dança Flávio Arcangeletti, de 29 anos, foi alvo de homofobia e agredido por seis homens, enquanto trabalhava na casa noturna Manguete, em São Vicente, na noite do dia 2 de março.

De acordo com o pai de Flávio, cujo nome não foi divulgado, seu filho não é homossexual. Porém, ele afirma que o rapaz foi vítima de preconceito por estar dançando e que os agressores diziam, entre socos e pontapés, que ele era “viadinho”, pois estava rebolando. “Não precisa ser gay para existir homofobia, né?”, conta.

Dinâmica

De acordo com o boletim de ocorrência (BO), Flávio estava trabalhando como dançarino na casa de shows, quando, durante uma pausa na apresentação, dois homens, até então desconhecidos, o levaram para um local na parte externa do bar.

Os agressores teriam dito que ali não era lugar para “viadinho estar rebolando” e que “aquilo era um desrespeito com as crianças que estavam ali presentes”. Após a ameaça, os homens teriam começado a dar socos, chutes, cotoveladas e garrafadas. Um deles tentou arrancar seus piercings, o que ocasionou mais ferimentos.

Posteriormente, outros homens teriam chegado e participado das agressões. Conforme o registro policial, Flávio “apenas tentava se defender sem sequer saber o que havia causado tamanho ódio nos agressores”. O BO também narra que os seguranças do estabelecimento foram acionados, apartaram a briga e orientaram que Flávio deixasse o local para que a situação não evoluísse.

Ameaças

Na sequência, a vítima foi até uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), para verificar os ferimentos causados pelas agressões. Ao mesmo tempo, seu irmão mais novo pegou seu celular e começou a receber ameaças por meio de mensagens.

Um dos autores das agressões disse que tinha parceria com o crime organizado e que iria “levá-los para as ideias”, ou seja, o tribunal do crime. Além disso, ameaçou outras vezes, ao dizer que iria atrás de Flávio e o irmão.

Homofobia

Flávio Arcangeletti faz apresentações de entretenimento como instrutor de dança, mas nunca sofreu agressões por essas razões. O rapaz estava trabalhando desde às 17h e o crime ocorreu por volta da meia-noite. “Ele desceu do palco, foi ao banheiro e retornou. Foi pegar água para ele e para a mulher dele. Quando saiu com os dois copos na mão, encostou um cidadão”, conta o pai.

Flávio foi chamado para “trocar uma ideia”. “E (o agressor) pegou ele pela nuca e soltou (…) (Ele) Disse que ‘aqui não é lugar para viadinho ficar dançando’”. Em um vídeo editado pela própria família, é possível ver algumas das cenas das agressões.

SSP

Em nota, a Secretaria Estadual da Segurança Pública (SSP), confirmou as informações:

Um homem, de 29 anos, foi agredido na madrugada deste domingo (3), na Alameda Paulo Gonçalves, no bairro Itararé, em São Vicente. A vítima alega que estava em uma casa de show, quando foi abordado por dois homens, um de 40 anos e outro não identificado, que o conduziram para fora do local.

Após, iniciaram as agressões, sendo acompanhados de mais pessoas, não identificadas, que se juntaram à ação. A vítima foi à UPA, onde foi medicada e liberada. O irmão da vítima estava com o celular do mesmo, quando viu uma ameaça do autor.

O homem representou criminalmente. O caso foi registrado como ameaça, lesão corporal e injúria, no 1º Distrito Policial de São Vicente, e encaminhado à Delegacia de São Vicente, que prossegue com as diligências.

Posicionamento

Em nota, o Manguete, local onde ocorreram as cenas de violência, informou que não compactua com nenhum ato de homofobia e que é contra qualquer ato de preconceito, que, inclusive, é crime. Apesar disso, o estabelecimento desconhece a origem das agressões, não tem ciência do real motivo delas, muito menos conhecimento da identidade dos responsáveis pela pancadaria.

O estabelecimento fala que “assim que o tumulto começou e os seguranças avistaram, prontamente foram apartar a confusão. A casa de imediato terminou essa festa, expulsando todos os envolvidos da casa. Na sequência, o rapaz agredido foi embora, amparado pelos seguranças e por pessoas conhecidas dele”.

Na mesma nota, a casa ressaltou que toma todas as precauções devidas e age conforme determinado em lei para poder proporcionar o que tem de melhor para os clientes. “Todas as medidas de segurança são adotadas, em quase dois anos de funcionamento nenhum registro de violência ocorreu desde então”.

Assim, ao identificar os agressores, o estabelecimento garantiu que irá tomar as medidas cabíveis a seu alcance.

Com informações de A Tribuna.