Segurança e sinalização são os principais pedidos que os moradores do bairro Jardim Piratininga, em Santos, fazem as autoridades. Isso porque uma obra de reformulação de acessos à Rodovia Anchieta, na entrada da Cidade, está fazendo com que um grande fluxo de veículos pesados passem pela Avenida dos Bandeirantes, que fica no bairro, e, por consequência, gerem transtorno e preocupação aos populares.
Presidente da Associação de Moradores do Jardim Piratininga, Diego da Silveira Reis explica que a principal reivindicação dos moradores é a colocação de lombadas e sinalizações internas no local. “Muitos caminhões de grande porte passaram a acessar o bairro para utilizar a Rodovia Anchieta. Além disso, veículos pequenos também têm entrado em alta velocidade e isso pode causar acidentes envolvendo nossos moradores, como crianças e idosos”, afirma.
Há 52 anos, a personal organizer Sandra Mara Zambreço dos Reis, de 61, mora no bairro. O local, que sempre foi considerado sossegado por ela, agora vive o transtorno de enfrentar uma fila de caminhões e carros passando por dentro do bairro.
“Nós estamos sofrendo há meses. Desde que começou esta obra, para ir ao trabalho temos sair de casa com 1h antes, por conta das filas imensas de caminhões. O percurso que levava 30 minutos, leva mais de 1h hoje em dia. Sem contar que possuímos muitos idosos e crianças que logo estarão indo pra escola e podem correr risco de sofrer acidentes graves”, comenta.
Ela conta que os moradores, junto com a associação, já participaram de diversas reuniões com representantes dos órgãos competentes, mas nada foi resolvido. “Dizem que essa obra era para melhorar o fluxo dos caminhões que levam cargas para o Porto de Santos. Tudo bem, não somos contra a modernização, mas desde que não prejudiquem tanto o nosso bairro e os moradores”, afirma.
Pedido de ajuda
O representante fala que já entrou em contato com a Prefeitura de Santos para poder solucionar o problema, e oficiou, em maio de 2023, um pedido de instalação de dispositivos de segurança e sinalização na via, mas, até o momento, não foi atendido. “Nos alegam que essa é uma atribuição da Ecovias, mas quem autorizou a obra foi o próprio município, então acho que deveria ter um acompanhamento por parte da prefeitura”, cobra Diego.
Por conta de todos os transtornos que já se arrastam por meses, os moradores realizaram uma manifestação na noite da última segunda-feira (22). Com o auxílio de contêineres de lixo, eles fecharam o acesso à Avenida dos Bandeirantes, queimaram galhos e, por 40 minutos, realizaram o protesto de forma pacífica.
“A gente sabe que, infelizmente, isso acaba impactando a vida de outras pessoas, né? Mas isso foi um grito de desespero para que os órgãos competentes possam nos olhar com atenção. A gente está pedindo apenas respeito e segurança, só isso”, comenta o presidente da associação.
Como forma de solucionar o caso, Diego também conta que entrou com uma representação junto ao Ministério Público pedindo auxílio para a implantação das lombadas. No momento, ele diz que aguarda o parecer do promotor de Justiça responsável pelo caso. “A luta é grande e não é de agora. A gente tem buscado bastante, de forma simples, através das conversas, só que não está tendo condições”, desabafa.
O que dizem as autoridades
A Prefeitura de Santos informou, por meio de nota, que a Avenida Bandeirantes e o trecho do viaduto são áreas de responsabilidade da Ecovias, concessionária que administra o trecho. No entanto, afirmou que, por meio da Prefeitura Regional da Zona Noroeste, acompanha as reivindicações de moradores do bairro Piratininga acerca dos impactos de uma obra nos trechos mencionados acima.
“A Ecovias foi notificada pela Prefeitura Regional da Zona Noroeste para participar de uma reunião com os moradores. Em relação aos impactos do tráfego de caminhões em duas vias internas do bairro, a CET Santos vistoriou o local para verificar as possíveis pendências na sinalização de trânsito.”
O Município também reiterou que, no mês passado, implantou placas de trânsito que informam o sentido das vias, bem como as restrições de manobras na rotatória localizada na Rua dos Portugueses com a Rua Etelvina de Paula Freire. As sinalizações implantadas foram: placas de sentido único de direção, sentido duplo de direção, proibido seguir em frente e placa de advertência para travessia de pedestres.
Por fim, a Prefeitura finaliza, ao dizer que está programada a instalação de três lombadas, sendo duas na rua dos Portugueses, em ambos os sentidos, e uma na Rua Edgard Ferraz Navarro. Além disso, o Município esclareceu que está intermediando reunião com a Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) para buscar solução da situação.
Já a Ecovias disse por meio de nota, que, juntamente com a obra de reformulação da entrada de Santos, para melhoria do tráfego na região, investiu em melhorias da pavimentação e drenagem e reforçou a sinalização no trecho citado para garantir mais segurança viária aos motoristas. No entanto, a concessionária informou que não tem autonomia para impor restrições à circulação de veículos pesados no local, definição que cabe à prefeitura.
Para a implantação das lombadas, a Ecovias também esclareceu que necessita da aprovação do órgão competente, no caso, o Departamento de Estradas de Rodagens (DER). A concessionária disse que já protocolou carta solicitando a aprovação e está pronta para realizar as obras imediatamente após a liberação do órgão responsável.
“O projeto enviado pela Ecovias inclui, além das lombadas, placas de redução de velocidade. Sobre a proibição do tráfego dentro do município, ela deve ser definida pela prefeitura. Vale destacar ainda que as obras, realizadas pela Ecovias no trecho, são fruto de projetos aprovados junto ao Governo do Estado de São Paulo, seguiram as normas vigentes e trouxeram diversas melhorias para a infraestrutura da região”, finalizou.
Com informações de A Tribuna