O santista Milton Ribeiro - Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Depois de mais uma declaração homofóbica do ministro da Educação, Milton Ribeiro, o Grupo de Advogados pela Diversidade Sexual e de Gênero, a Associação Brasileira LGBTI (ABGLT), a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), a Aliança Nacional LGBTI, o Grupo Dignidade e a Associação Brasileira de Famílias Homotransafetivas protocolou, na Procuradoria-Geral da República (PGR), notícias-crime contra ele.

Ribeiro destilou ódio homofóbico na quarta-feira (9), durante lançamento de uma espécie de reality show com merendeiras, que está sendo patrocinado pelo governo Jair Bolsonaro (PL) na Rede TV.

Ao comentar o papel das merendeiras, o ministro, que é pastor presbiteriano, teve um ataque de fúria e começou a desferir um discurso homofóbico.

“Nós não vamos permitir que a educação brasileira vá por um caminho de tentar ensinar coisa errada para as crianças. Coisa errada se aprende na rua. Dentro da escola, a gente aprende o que é bom, o correto, o civismo, o patriotismo. Por isso que tem um grupo da população que infelizmente me critica, mas tenho certeza que as merendeiras, mães, avós estão comigo. Eu quero cuidar das crianças. Não vou permitir que ninguém violente a inocência das crianças nas escolas públicas. Esse é um compromisso do nosso presidente. Não tem esse negócio de ensinar: você nasceu homem, pode ser mulher. Respeito todas as orientações. Mas uma coisa é respeitar, incentivar é outro passo”, afirmou.

No entendimento dos grupos LGBTQIAP+ que protocolaram as notícias-crime, as declarações do ministro “são carregadas de discriminação direcionada às pessoas transexuais, fazendo uma associação da identidade de gênero com algum tipo de perversão que violaria a inocência das crianças”.

“As falas dele afiam as facas que derramam o sangue da população LGBTI+. Não toleraremos a discriminação institucional, estaremos sempre vigilantes aos desmandos de autoridades que se julgam maiores que a Constituição Federal”, declarou a advogada Amanda Souto Baliza, responsável por uma das ações, segundo o site Diadorim.

Pastor presbiteriano, Milton Ribeiro tem antecedentes homofóbicos

Não é a primeira vez que Milton Ribeiro apela aos discursos de ódio contra a comunidade LGBTQIAP+.

Há dois anos, o ministro declarou que pessoas LGBTQIAP+ vinham de “famílias desajustadas”. A afirmação teve como consequência uma ação civil e a posterior condenação da União por danos morais coletivos no valor de R$ 200 mil, além de uma denúncia pelo crime de LGBTIfobia pela PGR.