Foto: Arquivo Pessoal

Julie Correia de Araujo, uma jovem transexual, de 28 anos, moradora da Zona Noroeste, está denunciando a lanchonete Surf Dog, à Avenida Conselheiro Nébias, no bairro do Boqueirão, em Santos. Ela registrou Boletim de Ocorrência (BO), porque afirma ter sido vítima de transfobia dentro do estabelecimento.

A vítima, que é cabeleireira e nutricionista, afirmou que foi à lanchonete, após deixar a praia com amigos e familiares. Depois de consumirem lanches e enquanto a conta era paga, Julie pediu a um funcionário para usar o banheiro.

“Perguntei onde era e ele apontou para o masculino. Perguntei onde era o feminino e ele falou que eu não poderia usá-lo. Foi um constrangimento”, revelou, em entrevista a Bruno Almeida, em A Tribuna.

Ela, então, quis conversar com o responsável pelo local, que estava presente. Ainda conforme Julie, o homem confirmou o que o funcionário havia dito. “Ele falou que realmente teria que usar o masculino, virou as costas e saiu andando”, destacou a vítima.

Ainda segundo Julie, ela recebeu apoio de outros clientes. “Uma moça me ajudou e apontou onde era o banheiro feminino. Ficaram do meu lado. Foi a primeira vez que isso aconteceu comigo, de alguém tentar me deslegitimar como mulher”.

Ela revelou, também, que pretende ingressar na Justiça contra a lanchonete.

Homem que se apresentou como dono da lanchonete diz que não é contra ninguém

A reportagem de A Tribuna fez contato telefônico com o Surf Dog. Um homem, que se apresentou como proprietário, primeiramente disse que não queria falar sobre o fato. Em seguida, após insistência, ele afirmou que “como o local estava cheio, nem vi nada”.

Novamente questionado, o homem confirmou ter visto o ocorrido e disse que estava ao lado do funcionário.

“Ele (se referindo a Julie) saiu chamando o rapaz de ‘baiano’ e ‘idiota’, de não sei o quê. As câmeras filmaram tudo”. A reportagem indagou se ele gostaria de divulgar as imagens, mas o homem respondeu que “não tem interesse nenhum”.

“Não sou contra ninguém, graças a Deus. A pessoa pode ser o que for. Ladrão, pu*, vi*. Homem, branco, preto, todo mundo é ser humano”, acrescentou.

Com informações de A Tribuna