A mulher acusada de homofobia e Cristiano - Foto: Arquivo Pessoal

O editor de livros didáticos Cristiano Oliveira da Conceição, de 44 anos, denunciou ter sido vítima de homofobia, enquanto fazia compras no Jangada Supermercados, que se localiza no bairro Gonzaga, em Santos. Ele relatou que foi ofendido por uma cliente do estabelecimento.

Segundo Cristiano, o caso foi registrado no setor onde ficam as frutas. Ele estava escolhendo maçãs quando foi surpreendido com a atitude de uma mulher, que era acompanhada por uma idosa.

“Ela estava provando as uvas. E aí jogou a casca no chão de maneira bem forte próxima ao meu pé”, relatou ele, em entrevista ao G1.

Cristiano, surpreso, questionou a ação, afirmando que ela não deveria jogar a casca no chão. “Não fiz uma comunicação violenta com ela. Não fui áspero, simplesmente a questionei”, garantiu.

A mulher, então, ficou revoltada. “Ela, com os olhos esbugalhados, uma fúria, olhou para mim, chegou bem perto e falou: ‘ô querida’. Foi bem isso, ela fez a troca do artigo O pelo A. Eu sou gay, mas homem cisgênero. Então, eu estava vestido de maneira masculina”, afirmou.

Segundo a denúncia, a mulher passou a debochar do homem. “Ela sabia que eu era gay, lógico, eu não tenho nenhum problema com isso. Mas, nisso, ela fez trejeitos afeminados e eu questionei sobre o tratamento que ela tinha me dado”.

Nervoso, Cristiano disse que homofobia era crime e que iria chamar a polícia. Porém, a mulher respondeu que Cristiano estava surdo, pois ela havia dito “querido” e não jogou a casca de uva de propósito.

Apesar de ter negado, a mulher ainda estimulou a vítima a chamar a polícia, pois, segundo ela, não haveria consequência. “Eu fui bem nervoso para a porta de entrada do supermercado para fazer a ligação [para a PM]”.

Cristiano disse que foi atendida por uma policial, que orientou que ele registrasse um boletim de ocorrência (BO), pois o ato da mulher caracterizava injúria.

Enquanto aguardava a chegada da viatura, o homem continuou no supermercado. “Eu encontrei com a senhora algumas vezes entre as seções do supermercado e aí ela me encarava, debochava, fazia caras e bocas”.

Cristiano ligou de novo para a PM, indagando a respeito da demora da viatura. Então, ele observou que a mulher já estava na fila do caixa. “Eu me dirigi até ela e falei: olha, eu vou chamar [a polícia]. Você não vai esperar a viatura? Você falou que não tem problema nenhum, que eu podia chamar”.

A mulher rebateu: “Eu não fiz nada, você é louco, pega uma melancia e coloca no seu pescoço”. Houve uma discussão e o segurança do supermercado tentou intervir. Após o bate-boca, a mulher e a idosa foram embora.

Os policiais chegaram e disseram para ele prestar queixa na delegacia. Cristiano registrou BO, por injúria, no 7º DP de Santos. Até o momento, a mulher não foi identificada.

O editor retornou ao estabelecimento para pedir as imagens das câmeras de monitoramento. “Um segurança me falou que ela tem um histórico de muita confusão dentro do mercado. Não é a primeira ocasião. Ela costuma ter esse tipo de comportamento inadequado com as pessoas”, revelou.

O que diz o supermercado

O Jangada Supermercado emitiu uma nota, em que afirma não compactuar com qualquer conduta discriminatória ou preconceituosa. O texto diz que o estabelecimento se coloca à disposição das autoridades para esclarecer o que foi presenciado pelos colaboradores.

Em relação às imagens das câmeras, o Jangada destaca: “Referidas imagens gozam de proteção legal e poderão ser apresentadas à autoridade policial em caso de requerimento. Manifestamos publicamente nosso total apoio e solidariedade a todos que têm sofrido algum tipo de constrangimento e discriminação. Reafirmamos nosso compromisso com a promoção da igualdade étnico-racial, de gênero, sexual, religiosa, repudiando toda e qualquer manifestação de preconceito”.