A maior mobilização social da Baixada Santista desde o resgate da autonomia política de Santos completa 30 anos neste domingo (28). Liderada pela então prefeita Telma de Souza (PT), a greve geral paralisou a cidade no dia 28 de fevereiro de 1991.
O objetivo do movimento era reverter a demissão arbitrária de 5.372 trabalhadores portuários pelo governo do então presidente Fernando Collor de Mello. A pressão e a resistência do povo santista continuaram por 22 dias até o governo federal recuar e readmitir os profissionais.
A partir da conquista, 28 de fevereiro passou a ser o Dia da Resistência Portuária. A data também se tornou nome de escola do Ensino Fundamental, situada no Conjunto Habitacional Athiê Jorge Coury, no bairro Saboó, tradicional reduto de trabalhadores portuários.
Os profissionais entraram em greve porque as perdas salariais chegavam a 160%, durante período em que a inflação variava entre 450 e 500% anuais. Com 5.372 desempregados, estima-se que a medida atingiria, diretamente, mais de 25 mil pessoas de toda a Baixada Santista.
Diante do cenário trágico que se desenhava, Telma decretou calamidade pública. “A Codesp era a maior empregadora da cidade, com mais de 10 mil profissionais. Com a demissão dos 5.372 trabalhadores, impactando diretamente as vidas de 25 mil pessoas, eu, enquanto prefeita, não podia ficar alheia a toda essa situação. Decretei calamidade pública para refazer a ida de subsídios para as famílias dos trabalhadores”.
A então prefeita e hoje vereadora liderou a união entre trabalhadores, sindicatos, poderes constituídos e segmentos sociais. Houve um movimento nacional em solidariedade a Santos.
Pressão e recuo
Telma esteve em Brasília com uma comitiva para reafirmar que a resistência continuaria enquanto a situação não fosse revertida. “Quando retornamos de Brasília, o ministro Jarbas Passarinho me telefonou para informar que os trabalhadores estavam readmitidos”, relembra.
Em 28 de fevereiro de 1991, a cidade parou em solidariedade aos portuários. Ônibus não circularam, o comércio não abriu e milhares de pessoas se dirigiram à Praça Mauá. No final do dia, veio a notícia que se transformou na grande vitória: o governo havia recuado.