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Profissionais da linha de frente de combate ao coronavírus estão sem receber salários

São de diversas áreas da saúde como psicólogos, profissionais de educação física, nutricionistas, enfermeiros, terapeuta ocupacional, dentistas, assistentes sociais e farmacêuticos

Divulgação/USP

Linha de frente no combate ao coronavírus e contratados pelo Ministério da Saúde, por meio de seleção pública, para atuar na região, profissionais estão há dois meses sem receber salários. A denúncia é do Coletivo de Residentes do Programa Multiprofissional. O Ministério alegou muitos cadastros estão errados e que deve regularizar tudo até dia 15 deste mês.

São residentes, estudantes de pós-graduação de diversas áreas da saúde. Os de Santos estão parados desde 27 de abril e os de Praia Grande, caso a situação não seja resolvida, vão aderir ao movimento.

Os trabalhadores de Santos cruzaram os braços e centram esforços na tentativa de receber o auxílio-bolsa atrasado e denunciam a situação de abandono que se encontram. São 24 profissionais, sendo 17 no primeiro ano de residência e sete sem pagamento desde o inicio do contrato. Todos os profissionais estão paralisados em apoio aos demais colegas. Em Praia Grande, de 28 bolsistas, sete também estão sem receber a bolsa-auxílio. São de diversas áreas da saúde como psicólogos, profissionais de educação física, nutricionistas, enfermeiros, terapeuta ocupacional, dentistas, assistentes sociais e farmacêuticos da Atenção Primária do Sistema Único de Saúde (SUS).

O programa de residência teve início no dia 2 de março e os profissionais sabiam que o pagamento seria creditado no mês de abril, mas o Ministério da Saúde descumpriu os cinco prazos dados (05/04, 14/04, 17/04, 22/04 e 24/04) para o pagamento das bolsas. A bolsa é de R$ 3,3 mil, mas com descontos o valor fica perto de R$ 2,8 mil. Ele exige dedicação exclusiva do profissional e que a bolsa é a única fonte de renda para subsistência do trabalhador.

Os profissionais trabalham 60 horas semanais, sendo 80% atendendo à população nas Unidades de Saúde da Família (ou policlínicas).

No Estado de São Paulo, dois programas de residência paralisaram as atividades, porém em todo o País, os residentes estão sem receber e também podem aderir ao movimento. São centenas de trabalhadores que estão nos hospitais, nos equipamentos de saúde mental e em diversos serviços de saúde nessa situação.

Cadastro
O Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde (SGTES), vem a público ratificar seu compromisso com a regularidade dos pagamentos de bolsas concedidas para Programas de Residência Médica e Residência em Área Profissional da Saúde, através da adoção de procedimentos internos que minimizam a inconsistência de informações nos cadastros realizados pelos próprios residentes e ou instituições de ensino.

Atualmente o Ministério da Saúde financia o total de 22.302 bolsas, sendo 13.496 de Residência Médica e 8.806 de Residência em Área Profissional da Saúde. Deste total, 10.520 são de residência em primeiro ano (R1) e cujos 4.199 cadastros iniciais apresentam inconsistência nas informações transmitidas, representando o quantitativo das bolsas em atraso. A maior parte, em decorrência de erro no dígito verificador da conta bancária ou CPF inválido do residente.

Após identificar a inconsistência de informação, uma notificação é enviada para o residente/instituição de ensino, solicitando a regularização dos dados. Intensificando esforços como esse para remediar os erros informados nos cadastros, o Ministério da Saúde compromete-se a regularizar a situação dos atrasos constatados, ante a efetivação dos pagamentos das bolsas aos residentes, até o próximo dia 15 de maio.

Confira o relato de uma residente que não será identificada, para não sofreer represálias:

“Os residentes de R1 (primeiro ano) de 2020 começaram as atividades em março deste ano. Deste então, estamos trabalhando, mas nossa bolsa-salário que diz respeito março e abril não chegou pra muitas pessoas. Dentre 17 profissionais de R1, 7 não receberam a bolsa de março, 10 não receberam de abril, e dentro desse número, cinco não receberam nenhuma das duas bolsas. Ou seja, esse total está sem sua renda de subsistência, porque a residência requer dedicação exclusiva numa jornada de 60h semanais. São colegas que vieram até de outros estados esperando uma oportunidade profissional única, pra se verem com dívidas, juros sem fim e até contando as economias pra poder se alimentar. Aluguéis são uma das principais preocupações: como ficará a nossa situação com dois meses acumulados de pendências?

Está cada dia mais insustentável viver assim em tempos de pandemia, ainda por cima. E sabemos que isso não se resume ao nosso programa: foi divulgado um número de 4.199 residentes de R1 com bolsas irregulares, mais de um terço do total, em publicação do ministro da saúde Teich. Por isso, residentes de todo o Brasil estão se mobilizando pela nossa instância oficial, que é o Fórum Nacional de Residentes, e desde o dia 11 de maio foi indicada paralisação das atividades como protesto e mobilização pela questão, a fim de proporcionar uma organização da nossa categoria e dar visibilidade à causa . Não queríamos ter parado, pelo contrário, muitos profissionais são importantíssimos pra linha de frente contra o Covid-19, mas como podemos ajudar se não temos o mínimo de sobrevivência?

Quando entramos em contato com o Ministério da Saúde, ele passa as mesmas respostas. Em relação à bolsa de março, nos foram passados à época mais de cinco prazos diferentes ao longo do mês, alegando erros cadastrais. Passamos as informações repetidas vezes, prometeram fazer pagamento emergencial nas nossas contas-correntes, mas as inúmeras promessas caíam por terra toda vez. O Ministério da Saúde alega hoje as mesmas justificativas, mas como contrarrespota alego que as próprias coordenações dos programas concordam que as informações são sempre vagas, inconclusivas e não resolutivas”.

Os residentes organizaram um fundo solidário para o pagamento das contas e a compra de alimentos Quem puder contribuir pode acessar o link: https://doacaolegal.com.br/c/residentesembolsa.

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