“Meu nome saiu e eu nao li”, diz pesquisador que “assina” plano de vacinação do governo Bolsonaro
Pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz) que faz parte do grupo técnico de assessora o Ministério da Saúde, Leonardo Bastos se surpreendeu ao ver seu nome entre os signatários do plano de vacinação contra a Covid-19 que foi encaminhado pelo governo Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF).
“Ai q ta, meu nome saiu e eu nao li! Aparentemente ninguem do grupo tecnico leu”, escreveu o pesquisador no Twitter, indagado por um seguidor sobre qual seria o plano.
Leo Bastos tuitou que descobriu por acaso que seu nome constava no plano de imunização contra a Covid quando acessou a rede social.
“Eu entrei hj pra resmungar que nao consegui (pela n-esima vez) bolsa de produtividade do cnpq. Mas ai descrubo por aqui que meu nome (e de todo meu grupo) saiu no plano nacional de vacinacao da covid”, escreveu, antes de relatar o trabalho que desenvolveu.
“Ps: Soube aqui no twitter mas logo depois vi emails e grupos de whatsapp bombando. Eu q naontinha visto mesmo (sabado e recem nascido em casa ne?)”, tuitou Leo Bastos, que definiu a situação como “bastante” constrangedora.
36 cientistas
Neste sábado (12), um grupo de 36 cientistas que fazem parte do órgão técnico que assessora o Ministério da Saúde divulgou uma nota conjunta em que diz não ter sido consultado sobre o plano de vacinação.
“O grupo técnico assessor foi surpreendido no dia 12 de dezembro de 2020 pelos veículos de imprensa que anunciaram o envio do Plano Nacional de Vacinação da COVID-19 pelo Ministério da Saúde ao STF. Nos causou surpresa e estranheza que o documento no qual constam os nomes dos pesquisadores deste grupo técnico não nos foi apresentado anteriormente e não obteve nossa anuência”, diz trecho da nota.
Nas redes sociais, a epidemiologista Ethel Maciel utilizou uma rede social para dizer que não viu o documento antes de este ser encaminhado ao STF.
“Nós, pesquisadores que estamos assessorando o governo no Plano Nacional de Vacinação da Covid-19, acabamos de saber pela imprensa que o governo enviou um plano, no qual constam nossos nomes e nós não vimos o documento. Algo que nos meus 25 anos de pesquisadora nunca tinha vivido”, tuitou.