Apesar da queda de 19% na média móvel de mortes por Covid-19 nas duas últimas semanas, cientistas dos Estados Unidos e Brasil alertam para uma possível terceira onda no país, com nova alta de óbitos. O ritmo lento da vacinação e o índice baixo de isolamento social são as principais causas do novo aumento.
Segundo reportagem de Suzana Correa, no jornal O Globo, o Instituto de Métricas de Saúde e Avaliação da Universidade de Washington, utilizado pela Casa Branca e pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), projeta cerca de 751 mil mortes por Covid-19 no Brasil até 27 de agosto. A alta de óbitos ocorreria mesmo em cenário que inclui o uso de máscaras por 95% da população no país.
No pior cenário projetado pelo instituto, com o avanço da variante P.1 pelo país e o abandono do uso de máscaras por vacinados, o país pode voltar ao patamar de 3.300 mortes diárias em torno de 21 de julho e alcançaria 941 mil mortes em 21 setembro.
Já a plataforma de dados da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) projeta que o total de casos no país deve passar de cerca de 15,4 milhões em 14 de maio para 16,1 no dia 23 de maio, também confirmando a curva ascendente.
Para evitar o novo pico de óbitos, a aceleração na vacinação é uma das medidas centrais defendidas por especialistas. O Brasil atingiu média diária de aplicação de 1,1 milhão de doses em 13 de abril, mas a quantidade foi caindo ao longo do mês por conta da falta de insumos para a fabricação das doses. Com isso, apenas 9% dos brasileiros foram vacinados com a segunda dose.
Alerta da Fiocruz
Em boletim do Observatório da Covid-19 divulgado na última quinta-feira, a Fundação Oswaldo Cruz também alertou para o novo pico de óbitos, destacando a intensa circulação do vírus no país.
Segundo a entidade, apesar da “ligeira redução” nas taxas de mortalidade e na ocupação de leitos de UTI no país, há o risco de terceira onda nos próximos meses. “Uma terceira onda, agora, com taxas ainda tão elevadas, pode representar uma crise sanitária ainda mais grave”, informa o boletim.
Segundo pesquisadores da fundação, a terceira onda se justificaria por conta do alto patamar de infecções e hospitalizações, número alto de cidadãos que não contraíram a doença – e, portanto, não produziram anticorpos contra a infecção -, ritmo lento da vacina, redução no uso de máscaras e abertura acelerada nos estados que haviam intensificado medidas de distanciamento.