Ex-médicos da Prevent Senior, uma das maiores operadoras de saúde do Brasil, contaram ao G1 que a empresa os pressionava e assediava para receitar medicamentos do chamado “Kit Covid”, que não têm eficácia comprovada contra a doença e, inclusive, é perigoso para determinados perfis de pacientes. Os profissionais relataram ainda que eram obrigados a trabalhar mesmo infectados com o vírus.
A GloboNews teve acesso a mensagens internas da Prevent que confirmaram o relato dos profissionais. Em um dos diálogos, um diretor da empresa orienta os profissionais a medicar todos os pacientes com problemas respiratórios com hidroxicloroquina e azitromicina.
A reportagem também obteve prontuários médicos que mostram que a empresa utilizava práticas vetadas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), como a ozonioterapia, para “tratar” pacientes com Covid-19.
Antes da consulta
A entrega da receita do chamado “Kit Covid” era realizada na Prevent Senior até mesmo antes da consulta. A lista incluía hidroxicloroquina, ivermectina, azitromicina (antibiótico), todos defendidos por Jair Bolsonaro, além de predinisona (corticoide), vitaminas e suplementos alimentares, como whey protein.
No dia 24 de março, o Ministério Público de São Paulo abriu uma investigação para apurar a prescrição dos medicamentos. No dia anterior, a Associação Médica Brasileira (AMB) e outras 80 entidades médicas e científicas haviam solicitado o banimento da prescrição dos remédios usados no kit.