Estudantes de vários cursos de universidades de Santos reclamam que, apesar de terem iniciado estágio presencial, não foram incluídos nos grupos de imunização contra a Covid-19.
As instituições de ensino chegaram a entregar um documento, atestando que os alunos terão contato com pacientes em aulas práticas. Mesmo assim, não conseguiram a vacina.
De acordo com relato de estudantes, prefeituras de outras cidades da Baixada Santista, como Praia Grande, São Vicente e Guarujá, autorizaram a vacinação para estudantes estagiários.
Desyrée Souza, estudante da faculdade de Nutrição da Universidade Paulista (Unip), está revoltada com a situação. “Como estagiária da área da saúde estou muito exposta e indignada em relação a como estamos sendo tratados, pois estão negando vacina e esse vírus, infelizmente, não é uma ‘gripezinha’”, protesta.
“Atualmente, estou atendendo pacientes com doenças crônicas, gratuitamente, e logo entraremos em uma nova fase do estágio em hospitais, o que muito me preocupa, pois são os lugares mais fáceis para a contaminação desse vírus tão forte e perigoso que destruiu milhares de famílias, inclusive a minha, que perdeu um ente querido”, aponta Desyrée.
“Precisamos estagiar, oferecendo saúde e nutrição para os pacientes, e não temos o mínimo de segurança e respeito, pois proibir o nosso direito de tomar vacina é um ‘assassinato’”, desabafa.
O veto à vacina contra a Covid-19 em Santos não se restringe aos estagiários do curso de Nutrição. Há casos de estudantes de Psicologia, da UniSantos, e de Fisioterapia, da Unisanta, que também tentaram se vacinar, mas não obtiveram êxito.
Linha de frente
Colega de Desyrée na faculdade de Nutrição, Álex da Silva Nascimento cursa o oitavo semestre e está na mesma situação.
“É um absurdo a prefeitura de Santos não liberar a vacinação para os estagiários, sendo que as cidades vizinhas, como São Vicente, Praia Grande e Guarujá, estão liberando. Apenas a prefeitura de Santos não está fazendo essa liberação e a gente não sabe a razão”, questiona Álex.
Ele relata que, apesar de serem estagiários, os estudantes estão na linha de frente, atendendo pessoas e sob risco de contágio. “É um perigo para a gente e para as pessoas que moram com a gente, pois estamos tendo contato com essas pessoas e depois com nossos familiares. É bem perigoso e preocupante. Queria que a prefeitura de Santos desse a posição deles sobre por que não está vacinando a gente”, completa.
Absurdo
Camila Monteiro Souza também está no oitavo semestre de Nutrição. “É um absurdo a gente não poder tomar a vacina, pois se trata da linha de frente. No meu caso, estou agora em uma UBS (Unidade Básica de Saúde), onde há muitas consultas e atendimentos. Por isso, estou em contato com várias pessoas”, conta.
No estágio anterior, Camila atuou no Programa Bom Prato, que serve mais de 1.500 refeições por dia. “Eu trabalhei lá também. A gente está lidando com cliente e paciente da mesma forma e não sei por que fomos excluídos, pois somos da área da Saúde também”, conclui Camila.
Prefeitura
O Folha Santista pediu posicionamento da prefeitura de Santos, que respondeu por meio de uma nota:
“Devido à quantidade pequena de doses recebidas pelo município de Santos, considerando a quantidade de trabalhadores da Saúde a serem vacinados, foi necessária a priorização, por meio da publicação de portarias no Diário Oficial de Santos, a última publicada no último dia 12.
Havendo doses remanescentes, uma nova portaria será publicada, contemplando novos grupos que atuam na área da saúde”.