Documentos do Ministério da Economia que estão em posse da CPI da Covid revelam que a pasta, comandada por Paulo Guedes, agiu em conluio com Jair Bolsonaro (sem partido) para atrasar as negociações com a Pfizer para compra de vacinas contra o coronavírus.
Segundo reportagem de William Castanho, Mateus Vargas e Bernardo Caram na edição desta terça-feira (20) da Folha de S.Paulo, o Ministério da Economia embasou a tese de Bolsonaro de negar a compra da vacina usando como justificativa o dispositivo da Pfizer, replicado em contratos de todo o mundo, para que o comprador – a União – assumisse riscos e custos de eventuais efeitos adversos dos imunizantes.
Bolsonaro e Guedes temiam que o dispositivo provocasse uma série de processos contra a União.
Embora tenha dito que só foi chamada a manifestar sobre o contrato com a Pfizer em março, documentos mostram que o Ministério da Economia participou das tratativas desde dezembro de 2020.
Atravessadores
Enquanto atrasava o contrato com a Pfizer, o governo abriu uma série de negociações com atravessadores de vacinas – como nos casos sobre a compra da Covaxin e da Astrazeneca, revelados pela CPI.
O governo ainda contratou, nesse período, dez milhões de doses da Sputnik a cerca de US$ 12 por unidade, por meio do laboratório União Química, enquanto governadores do Nordeste compraram a mesma vacina do Fundo Russo de Investimento Direto por cerca de US$ 10.