Foto: Ricardo Wolffenbutte/Governo de SC

A partir do entendimento de que o coronavírus se espalha a partir das gotículas produzidas pelas pessoas no ato da fala e da tosse, foi decretado o uso obrigatório de máscaras como método para conter a propagação do vírus a partir de abril de 2020.

Mas, com o avanço da imunização e queda no número de mortes, cinco estados tornaram facultativo o uso de máscara em locais abertos nos últimos dias. São eles: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato do Grosso do Sul, Maranhão e Rio de Janeiro.

Nesta quarta-feira (9) o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), deve anunciar a desobrigação do uso de máscara em locais abertos.

Sendo a máscara o principal método de prevenção ao coronavírus e, diante de tais medidas, surge a questão: é hora de flexibilizar o uso de máscara? 

“É uma ação absolutamente precipitada e isso já teria acontecido no final do ano passado, quando estava surgindo a Ômicron e o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), decretou isso. A média é de 500 mortes por dia, nós não estamos em uma situação absolutamente tranquila para se decretar que tudo deve voltar à normalidade. Por isso, considero precipitada a liberação”, declarou à Fórum Marcos Caseiro, médico infectologista.

Locais fechados 

A prefeitura da cidade do Rio de Janeiro publicou decreto nesta segunda-feira (7) que coloca fim à obrigatoriedade do uso de máscara em locais fechados. Por meio de suas redes, o prefeito Eduardo Paes afirmou que tal decisão teve como base recomendação do Comitê Especial de Enfrentamento à Covid-19.

“Em ambientes fechados é profundamente temeroso. É evidente que nós já chegamos em um nível de imunização alta e isso é um dado absolutamente positivo. Nós temos muita gente imunizada, muita gente que já teve contato com o vírus e isso faz um reforço na proteção coletiva”, pontua Caseiro.

No entanto, o médico atenta para o fato de que retirar a obrigatoriedade do uso de máscara em locais abertos e fechados pode fazer com que o vírus produza nova cepa.

“Certamente a possibilidade do surgimento de uma nova cepa mutante é grande. Nós estamos no pós-carnaval, teve feriadão. As pessoas deveriam ter um pouco mais de paciência. A máscara não é uma algema. Em ambiente fechado as pessoas devem continuar a usar máscara e eu diria: por tempo indeterminado, até que nós tenhamos absoluta regularização na diminuição no número de mortes”, diz Caseiro.

“Medida irracional e precipitada” 

Marcos Caseiro também atenta para o fato de que “a máscara e o isolamento social, associados à vacina, são os principais modos de proteção para o controle do coronavírus”.   

“A gente faz isolamento social desde o século XIII, na Peste Bubônica, a gente usa máscara desde o começo do século passado (epidemia da influenza). Para as doenças de transmissão respiratória as máscaras, o afastamento ou o distanciamento individual são formas mais eficazes de prevenção e controle”, enfatiza Caseiro.

Por fim, o médico infectologista pede mais prudência. “É uma medida sem lógica, irracional, acho que nós temos que ir com mais prudência, manter a utilização de máscara até que a gente tenha um nível residual de casos e de morte”, finaliza Caseiro.

Marcelo Hailer
Jornalista (USJ), mestre em Comunicação e Semiótica (PUC-SP) e doutor em Ciências Socais (PUC-SP). Professor convidado do Cogeae/PUC e pesquisador do Núcleo Inanna de Pesquisas sobre Sexualidades, Feminismos, Gêneros e Diferenças (NIP-PUC-SP). É autor do livro “A construção da heternormatividade em personagens gays na televenovela” (Novas Edições Acadêmicas) e um dos autores de “O rosa, o azul e as mil cores do arco-íris: Gêneros, corpos e sexualidades na formação docente” (AnnaBlume).