Por Carolina Fortes
A estimativa da farmacêutica Pfizer é que levaria cerca de 100 dias para desenvolver e produzir uma vacina para a nova variante da Covid-19 detectada na África do Sul. A cepa, considerada com o maior número de mutações já registrado, está causando pânico em vários países do mundo.
A variante B.1.1.529 tem dezenas de alterações na proteína spike, espécie de coroa de espinhos que reveste o Sars-CoV-2 e é usada pelo vírus para atacar as células humanas. Como a maioria das vacinas disponíveis, inclusive a da Pfizer, se baseia nessa proteína, há a possibilidade que a cepa possa escapar dos anticorpos gerados.
“Caso surja uma variante do vírus Sars-CoV-2 que escape da vacina, a Pfizer e a Biontech preveem que são capazes de desenvolver e produzir uma vacina sob medida contra a variante em cerca de 100 dias”, disse a farmacêutica à agência de notícias ANSA.
Um porta-voz da farmacêutica informou, também, que a empresa está estudando a B.1.1.529 e deve ter mais informações em, no máximo, duas semanas.
Até agora, foram confirmados 77 casos na Província de Gauteng, na África do Sul; 4 casos em Botsuana; 1 em Hong Kong (uma pessoa que voltou de uma viagem à África do Sul), 1 em Israel (uma pessoa que voltou do Malaui) e 1 na Bélgica, o primeiro na Europa.
Países impõem restrições
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendou, por meio de nota técnica publicada nesta sexta-feira (26), medidas restritivas temporárias em relação a voos e viajantes da África do Sul, Botsuana, Eswatini, Lesoto, Namíbia e Zimbábue devido a nova variante da Covid-19.
Segundo a agência, porém, a efetivação das medidas sugeridas depende de portaria interministerial editada conjuntamente pela Casa Civil, pelo Ministério da Saúde, pelo Ministério da Infraestrutura e pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou no Twitter que irá propor que todos os países membros do bloco proíbam voos oriundos da África do Sul. Reino Unido, Alemanha, Itália, França, República Tcheca, Israel, Cingapura e Japão já anunciaram a medida.
Até o momento, apenas 24% da população da África do Sul foi vacinada contra o coronavírus, segundo dados do Our World in Data.