Um dos grandes problemas enfrentados pelos profissionais da área da saúde, que se dedicam a tratar os pacientes suspeitos ou infectados pelo novo coronavírus, é encontrar material de proteção adequado, como máscaras e luvas, por exemplo. O Santos Hacker Clube, pensando nisso, começou a desenvolver um trabalho de produção de máscaras em impressoras 3D.
“A ideia surgiu a partir do aumento da demanda global por Equipamento de Proteção Individual (EPI), devido à pandemia do Covid-19. Com isso, as indústrias de equipamentos médicos não estão conseguindo suprir. É justamente aí que entram a fabricação digital e os makers”, revela Fernanda Camara, educadora, bióloga, maker, além de coordenadora do Santos Hacker Clube.
Ela destaca que o processo implica em um método de construção que tem por essência o desenho digital e o uso de máquinas CNC (Comando Numérico Computadorizado), como impressoras 3D e máquinas de cortar a laser.
“O fato de trabalharmos com desenhos digitais é a grande sacada, o que nos possibilita atuar de forma global e agir localmente. Frente à epidemia, os makers do mundo todo estão reunidos, por meio da internet, estudando e compartilhando quais são as melhores formas de ajudar neste momento tão sério”, conta Fernanda.
A educadora ressalta que tudo isso só é possível porque há, atualmente, um movimento que preza pelo conhecimento livre. “Então, é preciso, cada vez mais, que as pessoas entendam o quão importante é compartilhar o conhecimento”.
O trabalho é desenvolvido, atualmente, por nove makers em 15 impressoras, ligadas o tempo todo. Fernanda acrescenta que em dois dias foram produzidas 95 máscaras. Cada unidade leva cerca de três horas para ficar pronta.
![](https://cdn.folhasantista.com.br/wp-content/uploads/2020/03/Máscara-2-768x1024.jpg)
Santa Casa
“Inicialmente, conseguimos aprovar um modelo por uma comissão de médicos da Santa Casa de Santos. Por isso, estamos focando em atender à demanda da instituição, que foi de 200 máscaras. No entanto, estamos abertos a outras demandas e a outros makers que queiram se juntar ao processo”, pontua.
Ela lembra que as máscaras estão indo para a Santa Casa e serão utilizadas pela equipe de apoio do hospital. Fernanda acrescenta que o trabalho dos makers não é cobrado. “É tudo doação”.
Como a demanda é tanta, os makers estão precisando de insumos e de mais impressoras para dar conta da demanda. “Cada maker tem uma condição própria de produção, a partir dos insumos que tem em casa”, conta a educadora.
“Eu, por exemplo, estou só produzindo parte das máscaras, a peça com impressão 3D. Precisamos de acetato e elásticos para finalizar as unidades. Temos buscado pensar em logísticas para que os makers voluntários não precisem sair de casa, evitando riscos desnecessários. Agora, precisamos de materiais: filamento de PLA, que usamos para impressora, semelhante a um fio de plástico, ou ABS, o cartucho da impressora”, aponta.
![](https://cdn.folhasantista.com.br/wp-content/uploads/2020/03/Máscara-3-768x1024.jpg)
Tecnologias abertas
Fernanda explica que o Santos Hacker Clube é um grupo de hackers e makers. “Hackers são pessoas que estudam um assunto ou projeto para, então, modificá-lo de forma que ele sirva para outros fins ou que seja aprimorado. E makers são os fazedores, pessoas que gostam de fazer, construir coisas. O grupo reúne pessoas interessadas em trabalhar e estudar tecnologias abertas”.
Os integrantes do clube atuam, também, no LAB Procomum, um laboratório aberto a criadores, fazedores e curiosos, que queiram testar protótipos ou desenvolver projetos de impacto social.
“Nós temos um grupo de trabalho e uma sala, onde realizamos nossos encontros e estudos. O LAB nos fornece uma estrutura física e um pequeno aporte financeiro para que possamos criar projetos”, completa.
Quem tiver interesse em se juntar à empreitada pode se cadastrar no link: http://gg.gg/FaceShieldBaixadaSantista.