Foto: Reprodução/Twitter

Por Marcelo Hailer, da Revista Fórum

O presidente Jair Bolsonaro (Sem partido) voltou a politizar a questão em torno das vacinas de combate ao coronavírus e, ao compartilhar a notícia de suspensão dos testes da vacina Coronavac, afirmou ter ganhado mais uma do João Doria.

O comentário foi uma resposta a um usuário que perguntou se o Brasil poderia produzir e comprar a vacina. Bolsonaro respondeu citando os possíveis efeitos adversos da Coronavac – embora a Anvisa não tenha detalhado quais são.

“Morte, invalidez, anomalia. Esta é a vacina que o Doria queria obrigar a todos os paulistanos tomá-la. O presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”, escreveu o presidente.

A vacina Coronavac é produzida a partir de uma parceria entre o laboratório chinês Sinovac e o Instituto Butantan, que é ligado ao governo do estado de São Paulo.

Desde o início da pandemia, Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria, tem travado brigas públicas sobre políticas em torno do combate ao coronavírus e da elaboração e compra de vacinas.

Suspensão de testes

Cabe destacar que a suspensão de testes é uma prática comum quando ocorre algum tipo efeito adverso. Antes da Coronavac, a vacina elaborada pela Oxford e Astrozeneca também passou por um período de suspensão por motivo similar. Posteriormente, os testes foram retomados.

A Anvisa emitiu uma nota na noite desta segunda (9) e relatou uma série de efeitos adversos que levam à interrupção dos testes, mas não detalhou quais foram os efeitos da vacina em questão.

Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, afirmou que se trata de um óbito sem relação com os testes da vacina.

O governo do estado de São Paulo emitiu uma nota onde afirma lamentar “ter sido informado pela imprensa e não diretamente pela Anvisa” sobre a suspensão dos testes da Coronavac.

A nota do governo também ressalta que o “Butantan aguarda informações mais detalhadas do corpo clínico da Agência Nacional de Vigilância Sanitária sobre os reais motivos que determinaram a paralisação”.

Contestação

O líder da Minoria da Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT/CE), protocolou, na manhã desta terça-feira (10), Requerimento de Informações, no qual solicita uma justificativa para a interrupção de testes da Coronavac.

Guimarães questiona, entre outros pontos, por que a paralisação foi solicitada pela Anvisa, uma vez que o próprio diretor geral do Instituto Butantan, Dimas Covas, declarou a ausência de relação entre o óbito do voluntário e a vacina.

“Há uma clara politização em jogo. Enquanto Bolsonaro se esforça para comprovar sua tese frustrada de ineficácia da Coronavac, o povo continua se contaminando e morrendo. O governo brasileiro age como se a vida das pessoas fosse objeto de disputa eleitoral. Irresponsabilidade! Absurdo!”, afirma Guimarães.