De arredia e assustada a dócil e brincalhona. Há uma semana, a cadela Betina, SRD (Sem Raça Definida) de aparentemente 2 anos, teve sua vida transformada: ganhou cama aconchegante, bola, comida e carinho do casal Aline Correia de Abreu, 32 anos, e Rafael Augusto Gomes, 30, moradores da Pompeia. Eles a adotaram na Coordenadoria de Proteção da Vida Animal (Codevida), da Prefeitura de Santos, e a ‘batizaram’ de Costelinha, em alusão ao personagem do desenho Doug Funnie, da década de 90.

Costelinha é um dos 21 animais, entre cães e gatos filhotes e adultos, adotados desde o início do isolamento social para conter o novo coronavírus, causador da covid-19. O número é 30% superior que o total de adoções feitas no mesmo período do ano passado. “As adoções intensificaram com a pandemia, principalmente neste mês. As pessoas verbalizam que estão se sentindo sozinhas e, como têm mais tempo para fazer a adaptação do animal, se sentem seguras para adotar nesse período”, diz a coordenadora da Codevida, Leila Abreu.

O aumento, no entanto, levou a um maior rigor nas entrevistas realizadas pelo setor com pessoas interessadas em um pet, a fim de que não haja abandono após a quarentena. “Não queremos que cães e gatos sejam adotados porque a pessoa está em casa. Portanto, aprofundamos ainda mais a entrevista, porque é muito traumatizante a devolução de um animal”.

Entre as indagações feitas na entrevista, quantas horas o interessado fica fora de casa, número de pessoas que moram na residência e se há condição financeira de deixar o animal em day care, caso seja necessário. “Não doamos filhote para quem trabalha o dia inteiro, por exemplo. Também verificamos se a casa é segura e, caso a região que a pessoa more tenha grande número de animais abandonados, não doamos. E gatos, só se o apartamento estiver telado”, completa a coordenadora.

Atualmente, a Codevida possui cerca de 120 cães e gatos disponíveis para adoção. Os candidatos que passam por entrevista só levam o pet para casa após a coordenadoria constatar que a escolha é apropriada ao estilo de vida dos novos donos. Todos são doados castrados, vacinados e microchipados.

Costelinha
Há seis meses, Costelinha foi encontrada em um terreno baldio no bairro Vila Nova, junto à sua cria. Apresentava uma doença venérea muito comum em cães abandonados e foi levada à Codevida, após avaliação e critério dos profissionais do setor. Mal sabia ela que, tempos depois, ganharia uma família – Aline e Rafael, que há pouco mais de um ano buscavam um cão para ‘chamar de seu’.

“Sempre tive cachorro adotado e há um ano vínhamos olhando os da Codevida e da ONG Viva Bichos nas redes sociais. Levamos Costelinha para casa no último dia 16, dentro do projeto Padrinho de Fim de Semana. Como teve o feriado, ela ficou com a gente até quarta-feira. Foi uma adaptação para ver se era isso que a gente queria, mas no primeiro dia com ela já tivemos certeza. O apartamento é pequeno, mas tem uma varanda boa para ela brincar”, falou Aline, contando que o sonho do marido era ter um cachorro com esse nome.

Após a quarentena, o casal voltará à rotina normal – Rafael é engenheiro e trabalha o dia todo, mas Aline, professora de história, trabalha meio período e alguns dias da semana. “Fica mais fácil de fazer companhia para ela. Desde o primeiro dia que a vimos na Codevida, ela foi super carinhosa com a gente. É um amorzinho, já até a chamamos de filha”, diz.

Como adotar
Quem tem interesse em adotar um animal deve se dirigir à sede da Codevida com máscara de proteção no rosto, de segunda a sexta-feira, das 13h às 15h. O órgão pede que compareçam ao local apenas duas pessoas, no máximo, para a entrevista.

A Codevida fica na Av. Francisco Manoel s/nº, no Jabaquara. Nessa quarentena, o setor paralisou os agendamentos de castrações e os atendimentos de rotina por tempo indeterminado. Estão mantidos apenas os atendimentos de emergência e os serviços internos, que incluem os cuidados com os animais sob tutela do órgão municipal. Dúvidas pelo telefone 3203-5075.