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75,1% dos alunos têm medo de retornar às aulas e contrair o coronavírus, aponta pesquisa

Além disso, mais de 70% dos estudantes também afirmaram que não receberam nenhum tipo de suporte do governo do estado de São Paulo para as aulas à distância

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Em coletiva realizada na manhã desta sexta-feira (30), o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) apresentou uma pesquisa feita em parceria com o Instituto Vox Populi sobre as percepções dos estudantes, professores e pais sobre o retorno às aulas presenciais, mas também como foi o suporte do governo durante as aulas remotas.

Medo

O governo João Doria (PSDB) anunciou para a próxima segunda-feira (2) o retorno às aulas presenciais. Porém, a pesquisa revela que a maioria que dos estudantes teme voltar e contrair o coronavírus.

De acordo com o levantamento, 75,1% dos alunos têm medo de voltar para a sala de aula e ser infectado pelo vírus. Esse índice é maior entre os professores (85,6%) e entre os pais dos estudantes (81,8%).

Além disso, há a questão da imunização dos professores. De acordo com a Apeoesp, 44,6% dos docentes tomaram as duas doses e 5,5% ainda não tomaram nenhuma dose.

A deputada estadual e presidenta da Apeoesp, Professora Bebel (PT-SP), afirmou que diante desses números a posição da entidade permanece a mesma, ou seja, de que, antes do retorno às aulas, é preciso que os professores tenham recebido as duas doses da vacina e que seja instituído um programa de testagem em massa nas escolas.

Aulas virtuais

De acordo com a pesquisa, as aulas virtuais foram reprovadas por 66,9% dos professores, por 74,7% dos pais e por 73,9% dos estudantes.

A reprovação das aulas em ambiente virtual é explicada pela falta de apoio do governo do estado de São Paulo com computadores e acesso à internet de banda larga.

De acordo com o levantamento, 73,8% dos pais se queixaram da falta de suporte; entre os estudantes do ensino médio, 63,2% afirmaram que não tiveram apoio. Entre os professores, 54,3% relatam falta de estrutura oferecida pelo governo.

A falta de acesso à internet e ao computador também foi apontada como fator para que 15,1% dos alunos parassem de estudar. Soma-se à falta de estrutura para as aulas online, o fato de terem que trabalhar pra complementar a renda da família durante a pandemia.

Aproveitamento

Outra faceta revelada pela pesquisa diz respeito ao aproveitamento escolar e à quantidade de trabalho dos professores. Dessa maneira, 49,2% dos docentes trabalharam mais, com jornadas que chegaram até dez horas.

Sobre o aproveitamento escolar, para 87,3% dos pais, os seus filhos estudaram menos; essa é a mesma percepção dos estudantes: 84,1% declararam que se dedicaram menos às aulas virtuais.

Maior carga horária trabalhada e menor aproveitamento por parte dos estudantes revela o fato de que as escolas de São Paulo não possuem estrutura para aula remota.

Essa é a percepção de 50,5% dos professores; entre os pais, o índice sobe para 70,2% e entre os alunos do ensino médio, 61,5% consideram que as escolas não possuem estrutura para aulas remota.

Além da falta de estrutura e de apoio do governo do estado aos estudantes, a pesquisa revelou que 42,5% dos estudantes não têm acesso a computadores e que, do universo de estudantes pesquisados, 94% tiveram apenas o celular para acompanhar as aulas virtuais.

Para Bebel, fornecer subsídios aos estudantes para que tenham acesso à plataforma digital “é uma questão central”, mas ela ressalta o fato de que o governo do estado de São Paulo não possui “nenhuma política para adequar a educação com a era digital”.

Pesquisa

Foram realizadas 3.600 entrevistas, entre junho e julho, e distribuídas entre professores (1.500), pais de alunos (1.500) e alunos (600).

Jornalista (USJ), mestre em Comunicação e Semiótica (PUC-SP) e doutor em Ciências Socais (PUC-SP). Professor convidado do Cogeae/PUC e pesquisador do Núcleo Inanna de Pesquisas sobre Sexualidades, Feminismos, Gêneros e Diferenças (NIP-PUC-SP). É autor do livro “A construção da heternormatividade em personagens gays na televenovela” (Novas Edições Acadêmicas) e um dos autores de “O rosa, o azul e as mil cores do arco-íris: Gêneros, corpos e sexualidades na formação docente” (AnnaBlume).
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