Trainee só para negros faz Magazine Luiza dobrar total de contratados, diz jornal

Iniciativa, que tem por objetivo levar mais diversidade racial aos postos de comando da empresa, foi atacada em redes sociais por direitistas e sofreu até processo da defensoria da União

O Magazine Luiza selecionou 19 pessoas negras ou pardas para a edição 2021 de seu programa de trainee, que desta vez selecionou apenas profissionais com essa caraterística. O dado consta de reportagem da jornalista Joana Cunha, da Folha de São Paulo, publicada na edição deste domingo (3). Normalmente, o processo seletivo para esse programa, que forma profissionais com potencial para chegarem aos postos de comando da companhia, contrata cerca de dez pessoas.

O programa voltado só a negros foi anunciado em setembro de 2020. A intenção era levar “mais diversidade racial para os cargos de liderança da companhia”, de acordo com o comunicado divulgado na época.

Mas não demorou para que a rede de lojas fosse atacada nas redes sociais, acusada de “racismo reverso”, ao não aceitar brancos na edição do programa. Até uma ação pública acusando o processo de “discriminatório” foi impetrada pela Defensoria Pública da União (DPU) em outubro do ano passado. Na ação, a DPU acusava a Magalu de promover uma ação de “marketing de lacração” para “ganho político” e pedia R$ 10 milhões de indenização por danos morais coletivos.

No entanto, o programa seguiu em frente e toda essa repercussão aumentou a procura de candidatos. Segundo a reportagem da Folha, foram 22,5 mil inscritos. A maior quantidade de profissionais na seleção ajudou a impulsionar o total de contratados, segundo a empresa. No ano anterior, a Magalu tinha recebido menos de 18 mil inscrições para seu programa, resultando em 12 selecionados, de acordo com as informações do jornal paulista. O material traz o depoimento de alguns dos candidatos contratados na iniciativa.

Ataques

Um dos argumentos da DPU para o processo foi que o presidente da Fundação Palmares, Sergio Camargo, havia dito que considerava o programa racista. A alegação afirmava que o órgão era “relevante entidade de promoção da cultura negra e de combate ao racismo”. No entanto, como é sabido, Camargo é totalmente contrário ao movimento negro e considera não haver racismo estrutural no Brasil. Ele mesmo se define como “Negro de direita, antivitimista, inimigo do politicamente correto, livre”.    

Eis o tuíte dele sobre o caso:

https://twitter.com/sergiodireita1/status/1307151473638285313

Outro bolsonarista, o deputado Carlos Jordy (PSL-RJ) também anunciou que queria apuração sobre suposto crime de racismo que, em seu entender, teria sido cometido pela rede varejista.

A companhia respondeu na própria rede social.

Leia a reportagem completa da Folha de São Paulo aqui.

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