Por Ivan Longo, da Revista Fórum
O senador Fabiano Contarato (Rede-ES), primeiro e único parlamentar assumidamente homossexual do Senado, anunciou na tarde desta quinta-feira (24) que entrará com uma representação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ministro da Educação, o pastor evangélico santista, Milton Ribeiro.
Isso porque Ribeiro, que é também teólogo, disse em entrevista concedida ao jornal Estadão divulgada mais cedo que o “caminho do homossexualismo” se dá por “famílias desajustadas”. O termo “homossexualismo” foi banido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) pelo fato do sufixo “ismo” se referir a doenças. O termo correto é homossexualidade e há mais de 30 anos a orientação sexual não é tida como uma patologia.
“Acho que o adolescente que muitas vezes opta por andar no caminho do homossexualismo (sic) têm um contexto familiar muito próximo, basta fazer uma pesquisa. São famílias desajustadas, algumas. Falta atenção do pai, falta atenção da mãe. Vejo menino de 12, 13 anos optando por ser gay, nunca esteve com uma mulher de fato, com um homem de fato e caminhar por aí. São questões de valores e princípios”, disparou o ministro, ao ser indagado se não seria importante levar a educação sexual para escolas para prevenir a prática de bullying, que leva à depressão.
Para Fabiano Contarato, Ribeiro cometeu crime de homofobia e, por isso, solicitará que o STF determine à procuradoria-geral da República que investigue o ministro.
“Um ministro da Educação homofóbico, que violenta criminosamente os princípios de respeito e a igualdade entre as pessoas consagrados na Constituição. Meu repúdio absoluto a esse ataque preconceituoso, medieval e sórdido, que exige reação imediata das instituições democráticas!”, disse Contarato, pelas redes sociais, ao anunciar a representação contra Ribeiro no Supremo.
Sentir dor para aprender
O ministro da Educação coleciona frases preconceituosas e polêmicas, proferidas principalmente em palestras e em cultos dentro de sua atuação como pastor.
Além de criticar as universidades por supostamente exercerem uma “pressão” sobre a prática sexual dos estudantes, Milton Ribeiro também é defensor do rigor no ensino de crianças.
Em vídeo chamado “A Vara da Disciplina”, publicado no canal da Igreja Presbiteriana Jardim da Oração há cerca de quatro anos, ele afirma que é preciso “deixar marcas” nos filhos.
“Não dá para argumentar de igual para igual com criança, senão ela deixa de ser criança. Deve haver rigor, severidade. Vou dar um passo a mais, talvez algumas mães até fiquem com raiva de mim: deve sentir dor”, disparou à época.