Por Carolina Fortes
“Terrivelmente evangélico”, o advogado santista André Mendonça toma posse nesta quinta-feira (16) como novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). A cerimônia está marcada para as 16 horas e a expectativa é que cerca de 60 pessoas estejam no plenário, entre ministros em exercício e aposentados, presidentes da República, Câmara, Senado, e tribunais superiores, além de convidados pessoais de Mendonça.
O presidente Jair Bolsonaro (PL), que se recusa a tomar a vacina contra a Covid-19, disse que realizou um exame e testou negativo para o coronavírus. Por isso, comparecerá. Para entrar no STF, é preciso apresentar a carteira de imunização ou comprovante de exame RT-PCR negativo feito até 72 horas antes do evento.
Apesar de ter dito em sua sabatina no Senado que respeitará a laicidade do Estado, Mendonça tem feito movimentos contrários. Desde que foi aprovado para ser conduzido ao Supremo, ele já participou de cultos e encontros com outros pastores, como Silas Malafaia que, inclusive, promoveu um evento na sua igreja em homenagem a ele.
O culto, realizado na igreja Assembleia de Deus – Vitória em Cristo, teve por objetivo agradecer a chegada de Mendonça ao STF. O ex-advogado geral da União discursou por cerca de 25 minutos, e chegou a revelar que tem “uma aliança com Deus”.
Plano de poder
Embora tenha sido indicado por Bolsonaro, a chegada de Mendonça ao Supremo não teria acontecido sem a luta incansável de pastores evangélicos para ver um dos seus representados no alto escalão dos Três Poderes.
Com protagonismo no poder Legislativo e a presença de Bolsonaro que, apesar de não ser evangélico, obedece à agenda do conservadorismo, no Executivo, só faltava o Judiciário para que os religiosos continuassem o “plano de poder de Deus”, apresentado por Edir Macedo no livro “Plano de poder”.
“Plano de poder demonstra que Deus tem um grande projeto de nação elaborado por ele mesmo e que é preciso apresentá-lo e colocá-lo em prática. O objetivo deste livro é esclarecer aos leitores assuntos acerca da política, sobretudo dos pontos de vista bíblico e técnico, e suas finalidades. Além de contribuir para o amadurecimento político e democrático do País”, diz o resumo da obra.
Em meados dos anos 90, Macedo já começava a arquitetar o seu plano. O fundador da Igreja Universal teria compartilhado, num almoço no Rio de Janeiro, as intenções de eleger um presidente da mesma fé que a sua.
Porém, nada se daria “por acaso nem por obra do destino”. “Não é como o princípio de autopolinização da natureza, como o vento, ou o pássaro, ou mesmo um inseto que conduz o pólen de um lugar para o outro, e a vida vai acontecendo naturalmente”, afirmou o bispo.