O Brasil conseguiu aplicar a primeira dose da vacina contra a Covid-19 em cerca de 13% da população brasileira. Até então, apenas 5,3% está imunizado com as duas doses. O ritmo lento da vacinação assusta especialistas, que alertam para o surgimento de uma possível terceira onda da Covid-19 no país.
Em entrevista ao RFI, o médico infectologista Alexandre Cunha, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, enumerou três principais problemas que o ritmo lento da vacinação pode acarretar no país.
“Esse ritmo lento, que avança de forma muito paulatina para diferentes extratos da população, pode levar à ocorrência de três problemas: o primeiro é o surgimento de novas variantes, pois quanto mais o vírus se dissemina livremente em indivíduos não vacinados, maior a probabilidade de aparecimento de variantes, inclusive algumas não suscetíveis à vacina”, iniciou o especialista.
Segundo é a probabilidade de uma terceira onda de contágio e mortes nos lugares onde já houve uma primeira e uma segunda onda. É uma possibilidade real, como aconteceu na Europa. Se vacinássemos a população antes de isso acontecer, evitaríamos muitas mortes”, continuou.
Imunidade
“E tem uma terceira consequência possível: como a gente não sabe durante quanto tempo dura a imunidade induzida por vacinas, esperamos que seja muito, mas não sabemos, quem foi vacinado primeiro pode perder a imunidade até se imunizar todos os extratos da população. Por isso a vacinação em massa é muito importante”, completou o médico.
A uma semana de encerrar o mês de abril, o país caminha para não cumprir, mais uma vez, o cronograma de vacinas contra a Covid-19. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, havia prometido entregar 30,5 milhões de doses dos imunizantes. Contudo, até o momento, há garantia de 24 milhões. O principal motivo do atraso é a falta de insumos.