O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) vai realizar nesta sexta-feira (22), a partir das 10 horas, um ato simbólico contra a volta das aulas presenciais. O protesto será em frente à secretaria estadual de Educação, à Praça da República, no Centro de São Paulo.
Para a presidenta da entidade e deputada estadual, Professora Bebel (PT-SP), esse retorno precipitado pode ter consequências gravíssimas. “Não faz o menor sentido confinar professores e estudantes em ambientes fechados e mal ventilados, em locais sem a estrutura adequada para a efetivação dos protocolos sanitários, como são as escolas”, afirma.
Além disso, Bebel destaca que os professores não foram incluídos nos grupos prioritários da vacinação. “O governo age de forma totalmente contraditória. Considera o trabalho dos professores como uma atividade essencial, mas não nos considera essenciais no plano de vacinação. Antes de se pensar em reabrir as escolas, a primeira providência deve ser a vacinação de todos os profissionais da Educação na primeira fase, juntamente com os profissionais da Saúde, idosos e indígenas”.
Ela cita o diagnóstico realizado pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) e pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em agosto passado, que concluiu que 82% das escolas não têm mais de dois sanitários para uso dos estudantes; 13% não têm quadra ou ginásio; e 11% não têm pátio para atividades ao ar livre.
O professor Paulo Saldiva, titular do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), elaborou um parecer, a pedido da Apeoesp, em que reafirma o equívoco no retorno das aulas presenciais.
Fator adicional de risco
“Em ambientes fechados, como as salas de aula, a transmissão da Covid-19 é facilitada pela baixa dispersão do aerossol, circunstância que acrescenta complexidade à análise objeto da presente consulta, consistindo, indubitavelmente, num fator adicional de risco de contágio. É importante ressaltar que o papel da transmissão da Covid-19 em ambientes fechados foi objeto de uma publicação assinada por 239 pesquisadores de todo mundo, que assim concluiu a análise”, diz o estudo de Saldiva.
Em seu parecer, o professor afirma: “Em assim sendo, se me fosse dada a autoridade para tal, eu incluiria os professores e funcionários das escolas como prioritários para a imunização vacinal da Covid-19, proporcionando a esse grupo as condições de segurança necessárias para o exercício do mais nobre dos ofícios, a Educação de nosso povo. Determinar o retorno às aulas sem que seja preenchida essa condição não permite a conclusão, à luz da ciência, de que o retorno será efetivamente seguro, nos termos da consulta que me foi apresentada”.