Uma operação da Polícia Militar realizada neste domingo (21) no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo (RJ), deixou pelo menos 20 pessoas mortas. Moradores classificam ação como “chacina”.
Na manhã desta segunda (22) moradores retiraram oito corpos de dentro de um manguezal no bairro do Palmeiras.
De acordo com as primeiras informações reveladas pela Polícia Militar do RJ, o final de semana foi marcado por confrontos entre a corporação e traficantes.
Chacina: mães tentam tirar o corpo de seus filhos de dentro do mangue
No entanto, em áudios que circulam pelas redes, moradores falam de um suposto revide, pois um PM foi morto neste sábado (20) durante patrulhamento na região.
Vídeo feito pelo moradores mostram os corpos empilhados.
“Dizem que tem muito menino morto lá dentro (do mangue). Tem muita gente chorando. Os policiais quando passaram, estava eu e o meu irmão no portão de casa… quando o Caveirão passou, eles falaram ‘valeu, muito obrigado heim’. Tipo, sabendo o que já tinha deixado lá atrás, entendeu? Os corpos”, relata uma moradora do Complexo do Salgueiro.
A mesma moradora relata que as mães estão entrando no mangue para retirar os corpos de seus filhos.
“As mães estão entrando dentro do mangue, com o mangue acima do joelho para tentar puxar os corpos. Tem uns que conseguiram sair”, relata.
Em tom de desalento, outro morador relata que há “muito desespero e corpos”.
“C…, eu too aqui dentro e é mó desespero, você não tem noção, é muito corpo, tô aqui dentro (do mangue), é muito corpo”.
Outra moradora afirma que há mais de 20 corpos dentro do mangue. “Tem muita gente morta, tem umas 20 cabeças (pessoas mortas) dentro do mangue. Só saiu sete, oito garotos… muito conhecido da gente morreu, a gente tava no mangue pra ver se consegue tirar, mas todos mortos”.
Repercussão
Políticos do RJ repercutem a operação no Complexo do Salgueiro. A deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ) classificou a operação como “horror”.
“Que horror o que aconteceu, mais uma vez, no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo. Já são 8 mortos! A política pública de segurança pública não pode ser baseada na vingança nem priorizar o confronto. Por que a vida negra da favela vale menos pro Estado? Chega!”.
Para uma maior pressão por rapidez na investigação, a deputada estadual Renata Souza (PSOL-RJ) vai dar entrada ainda nesta segunda (22) com representação no Ministério Público (MP), que tem a prerrogativa de exercer o controle externo da atividade policial.