Por Fabíola Salani, da Revista Fórum
Pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e divulgada pelo jornal O Estado de São Paulo neste sábado (14) mostra que a indústria brasileira está enfrentando a maior escassez de matéria-prima em 19 anos. Dos 19 segmentos entrevistados, 14 relataram dificuldade em conseguir insumos e, com isso, estão reduzindo a produção.
A reportagem do Estadão revela, ainda, que mesmo quem consegue produzir tem dificuldade de distribuir seus produtos por falta de embalagem. Isso porque há falta, também, de papelão, plástico e vidros para acondicionar as mercadorias. Além dessa escassez, a oscilação dos valores desses insumos, devido à desvalorização do real, deve contribuir para o aumento de preços.
A falta de matérias-primas na indústria já havia sido relatada por reportagens da Fórum. A indústria plástica já começava a perceber a falta de insumos no mês passado. A Abiplast havia informado, no início de outubro, que em consequência da pandemia do novo coronavírus, há um “acentuado desequilíbrio de oferta de matérias-primas plásticas no mundo”. Por isso, os preços têm oscilado de forma brusca. Por consequência, seguiu a entidade, muitas empresas transformadoras não estão conseguindo ter matérias-primas suficientes para atender toda a demanda.
Na sondagem da FGV, o setor de vestuário apareceu como o que mais sentiu os efeitos da falta de insumos e componentes. Ela foi reportada por 74,7% das empresas.
Matéria da Fórum do início de outubro já relatava que as pequenas confecções reclamavam da falta de malha para produzir suas roupas e que o problema chegava também às indústrias maiores.
Tempo
Consultada pela reportagem na ocasião, a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) avaliou que “a retomada depois de um período de paralisação de 90 a 100 dias faz demandar tempo para que todos os elos da rede de produção e suprimentos voltem a funcionar de maneira sincronizada”.
A estimativa da entidade, no início do mês passado, era que a indústria têxtil conseguisse ajustar demanda e oferta em um período de 90 a 100 dias. No entanto, ainda não há sinais de que esse ajuste já tenha começado a ocorrer.
Além do vestuário, a falta de insumos também foi apontada aos pesquisadores da FGV por fabricantes de produtos de plástico (52,8%), limpeza e perfumaria (39,1%), farmacêutica (34,2%), informática e eletrônicos (33,1%), além de empresas dos ramos de produtos de metal (31%), couro e calçados (31,1%) e químico (27,9%), entre outros.