Por Carolina Fortes
Enquanto a população brasileira faz fila para comprar ossos e restos de carne, deputados e senadores têm direito a reembolso de ostras, tambaqui com farofa, picanha especial, camarão ao molho de trufas, petit gateau e, às vezes, até taxa de rolha ou gorjetas.
Segundo um levantamento do Metrópoles, com base no Portal de Transparência da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do início da legislatura até o último dia 30 de setembro, congressistas gastaram ao menos R$ 1.461.316,10 com alimentação, em valores reembolsados pela cota parlamentar.
Entre os deputados que mais ostentaram até agora estão o filho do pastor R.R. Soares, David Soares (DEM-SP), que usou R$ 32.901,70; seguido pelo bolsonarista Bibo Nunes (PSL-RS), com R$ 32.739,86. Apesar do reembolso não ser ilegal, não há limites para gastos com alimentação dos parlamentares. O consumo é bancado pela cota parlamentar, e não há uma regra sobre como o dinheiro deve ser utilizado.
Cotas
Hoje, na Câmara, os valores mensais das cotas (além do salário) vão de R$ 30.788,66, para deputados do Distrito Federal a R$ 45.612,53, para os de Roraima. No Senado, esses números oscilam entre R$ 21.045,20, para parlamentares do DF e de Goiás, e R$ 44.276,60, para os do Amazonas.
Além do alto montante, o valor total gasto com alimentação pelos deputados e senadores até setembro deste ano foi 1,5% maior do que todo o ano de 2020 – R$ 238.307,14 na Câmara em 2021 contra R$ 234.579,94 no ano passado. O valor, entretanto, é menor do que o registrado em 2019 (R$ 860.878,82), antes da pandemia.
Já o Senado teve uma alta de 27,3% dos gastos em relação a todo o ano de 2020 (R$ 20.050,03). O valor usado de janeiro a setembro deste ano foi R$ 25.539,60. No entanto, também é menor do que os R$ 81.960,57 registrados em 2019.