Candidata chega à Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) para fazer o Enem (Foto Tânia Rêgo/Agência Brasil)

O primeiro dia de aplicação de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) teve abstenção recorde de 51,5%. A prova foi realizada neste domingo (17), em meio ao recrudescimento da pandemia de Covid-19 no Brasil. Houve uma forte mobilização para que o exame fosse adiado e até pedidos judiciais nesse sentido, que foram negados. Do total de 5.523.029 inscritos para a versão impressa do Enem, 2.842.332 faltaram às provas

Em 11 locais de prova, candidatos foram impedidos de entrar nas salas. Isso porque elas tinham atingido os 50% de lotação determinados nos protocolos estabelecidos pelo Inep, órgão ligado ao Ministério da Educação (MEC) responsável pela realização do teste. Detalhe: quem faz a distribuição de candidatos nos locais de prova é o próprio Inep. O presidente do instituto, Alexandre Lopes, disse que as denúncias estão sendo “apuradas”.

A situação já havia sido apontada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e relatada em ação da Defensoria Pública da União (DPU) que pedia a suspensão do exame deste domingo. Segundo a DPU, a universidade havia cedido suas salas para a prova desde que ficassem com 40% da lotação. Mas foi surpreendida com a distribuição dos candidatos pelos organizadores com a utilização de 80% da capacidade das salas. A Justiça indeferiu o pedido, mesmo com a demonstração de que o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) estaria prevendo a lotação das salas em desacordo com o protocolo sanitário estabelecido.

E Florianópolis foi uma das cidades onde os estudantes relataram terem sido barrados pelos fiscais porque as salas já estavam com a ocupação máxima prevista. Houve ainda casos relatados em Curitiba (PR), Londrina (PR), Pelotas (RS), Caxias do Sul (RS) e Canoas (RS). 

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, disse que a abstenção alta se deveu em parte ao medo do contágio e, também, ao que ele qualificou de “forte campanha da mídia” contra a realização do exame. O Inep chegou a promover uma votação para saber em que período os candidatos preferiam a aplicação do Enem. As datas oferecidas no mês de maio foram as vencedoras. Mas o instituto resolveu aplicá-lo em janeiro.

Amazonas fora

No Amazonas, não houve aplicação do exame, devido ao recrudescimento do contágio do novo coronavírus. Ele também não foi realizado em Rolim de Moura (RO) e 969 em Espigão D’Oeste (RO), por conta dos impactos da pandemia nessas localidades. Os candidatos dessas localidades farão o exame nos dias  23 e 24 de fevereiro.

Na mesma data, estudantes que tiveram sintomas de doenças respiratórias nos dias que antecederam a prova poderão realizá-la. No entanto, precisarão apresentar algum laudo médico dando conta de que estavam com tais sintomas.

Fabíola Salani
Graduada em Jornalismo pela Universidade Metodista de São Paulo. Trabalhou por mais de 20 anos na Folha de S. Paulo e no Metro Jornal, cobrindo cidades, economia, mobilidade, meio ambiente e política.