(Reprodução)

Por Luisa Fragão, da Revista Fórum

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) foi às redes sociais na noite deste domingo (8) para pedir boicote à TV Globo após o programa Fantástico exibir uma reportagem sobre mulheres trans encarceradas em presídios masculinos. Filho do presidente repercutiu o boato de que uma das entrevistadas, Suzy, teria sido presa por estuprar e matar uma criança de nove anos, boato amplamente difundido por perfis da extrema-direita.

A solidão de Suzy – que não recebe visitas há 8 anos – gerou comoção nacional e fez com que mais de 200 cartas fossem enviadas ao presídio em Guarulhos na qual ela se encontra. Durante a reportagem, Drauzio Varella a abraça após saber de seu abandono dentro do presídio. A atitude, contudo, gerou revolta entre bolsonaristas.

“Nossa! Passada de pano 1.000°! Os caras do PT, PSOL e cia. têm que aprender com a GRobo!”, escreveu Eduardo no Twitter, após o Fantástico divulgar uma nota oficial de Drauzio Varella, no programa deste domingo, sobre os boatos em torno de Suzy. Na nota, Drauzio diz que não perguntou às detentas sobre os delitos cometidos pois não era o foco da reportagem. “Sou médico, não juiz”, completou.

Em outro tuíte, o deputado compartilha um vídeo de seu novo guru, Sikêra Jr., sobre o caso. Nele, o apresentador diz que vai falar sobre “o que você nunca viu” sobre o caso de Suzy no programa Alerta Nacional.

Em outro vídeo, desta vez publicado por Eduardo, ele pede o boicote à emissora e escreve: “entenda o caso do travesti Susy e como funciona a estratégia da Globo”. No vídeo, que mostra a reportagem do Fantástico com Varella, há legendas que chamam a transexualidade de “teoria” que foi “vitimada” propositalmente durante o programa.

Leia a íntegra da nota de Drauzio Varella

“Há mais de 30 anos, frequento presídios, onde trato da saúde de detentos e detentas. Em todos os lugares em que pratico a Medicina, seja no meu consultório ou nas penitenciárias, não pergunto sobre o que meus pacientes possam ter feito de errado. Sigo essa conduta para que meu julgamento pessoal não me impeça de cumprir o juramento que fiz ao me tornar médico. No meu trabalho na televisão, sigo os mesmos princípios. No caso da reportagem veiculada pelo Fantástico na semana passada (1/3), não perguntei nada a respeito dos delitos cometidos pelas entrevistadas. Sou médico, não juiz. Drauzio Varella.”